O secretário municipal de Tecnologia, Helton Sapia, relatou a O Imparcial que Presidente Prudente deve reorganizar a legislação para que a cidade esteja apta para receber a implementação da tecnologia 5G. Segundo o titular da pasta, ainda não é possível prever quando a quinta geração da rede de internet móvel estará disponível no município, mas que a primeira medida é “desburocratizar a legislação para poder viabilizar o trabalho da empresa” que irá fornecer a tecnologia.
“Depende do planejamento da empresa que ganhar o leilão, mas este planejamento também passa pelo poder público. As empresas que se deparam com uma legislação complicada para fazer isso vão para outras cidades. Então, estamos com este trabalho de reorganizar a legislação”, relata Helton, que cita como exemplo a desburocratização da abertura de empresas, implementada pelo prefeito Ed Thomas (PSB) no início do ano. “É uma ação que envolve a alteração da legislação, criação e modernização de sistemas e integração de dados. Tudo isso culmina numa forma mais rápida para se trabalhar”, discorre o secretário municipal de Tecnologia.
Em termos de estrutura para a implementação da tecnologia, Helton revela que nenhuma cidade do país ainda está pronta para receber a rede de internet móvel de quinta geração. “O sinal 5G precisa de muito mais antenas do que o 4G. Então, se você imaginar a distribuição das antenas, elas terão que ser triplicadas, ou até quintuplicadas. As antenas têm que ser mais próximas umas das outras para manter um sinal de qualidade. De fato, nenhuma cidade está pronta para receber o 5G por conta disso”, explica.
O titular da pasta de Tecnologia relata que a implantação das antenas depende da instalação de torres e a liberação de espaços que aceitem antenas. “A tecnologia 5G é diferente da 4G. As antenas do 5G são menores em relação às gigantes torres do 4G. Por exemplo, nós podemos pensar a instalação destas antenas em postes que tenham uma certa altura, mas para isso temos que ter a legislação que autorize e não tem, porque é uma caraterística do sinal 5G de se instalar em uma outra condição das antigas gerações”.
Para o secretário, não há data definida para a restruturação e antecipação da legislação para viabilização do 5G. Segundo ele, esta proposta passa pelo Plano Diretor do Município e envolve a participação da Câmara dos Vereadores e da sociedade civil como um todo. “É complicado a gente definir uma data para isso. Essa questão demanda um trabalho entre as secretárias, a Câmara e a comunidade de Prudente. Todo mundo precisa participar desta restruturação para que tenhamos uma melhor solução. É complicado dar um prazo, porque depende de muita coisa, mas nós vamos tentar fazer isto o quanto antes”.
Segundo Helton Sapia, que também é mestre em Ciência da Computação pela Unesp (Universidade Estadual de São Paulo), ainda não é possível compreender o impacto do 5G nas relações humanas e sociais, porque a tecnologia ainda não está implementada, porém, é viável especular suas consequências. “Não conseguimos entender esta tecnologia, porque ainda não estamos vivendo com ela. Ainda não há uma rede de internet que conecte de uma maneira mais ampla a velocidade de baixa latência, onde conseguimos trabalhar com um grande volume de dados em pouquíssimo espaço de tempo. Hoje, por exemplo, um arquivo de muitos gigas leva alguns minutos para ser baixado. Já com o 5G é diferente. Instala-se uma nova perspectiva de uso do sinal, com uma interconectividade de alta velocidade. É o futuro que vem por aí. A internet 5G vai trazer muitas possibilidades”, considera.
Ocorreu em 2021 o leilão do 5G, quando foram arrecadados R$ 47,2 bilhões. Segundo o Ministério da Comunicações, do valor total, R$ 42 bilhões serão revertidos em investimentos para ampliar a conectividade em todo o país. Segundo a Agência Brasil, a expansão do 4G deve beneficiar mais de 7,4 mil distritos, povoados ou comunidades e outras 391 sedes de municípios. Pelos acordos celebrados, 36 mil quilômetros de rodovias federais devem receber o sinal de internet com alta velocidade. O 5G chegará a todos os municípios brasileiros até 2029. E aquelas localidades que hoje têm pouca ou nenhuma conexão contarão com o padrão mínimo de quarta geração para redes móveis.
