A 10ª RA (Região Administrativa) do Estado de São Paulo, cuja sede é Presidente Prudente, registrou um saldo negativo de 118 empregos formais, revelam dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados anteontem pelo MTE (Ministério do Trabalho e Emprego). O balanço considera 22 cidades da região, que somaram, juntas, 3.939 desligamentos contra 3.821 admissões. A cidade com o melhor desempenho neste período foi Lucélia, com 455 novas vagas ante 228 demissões, o que demonstra um saldo de 227 empregos. Já o destaque negativo fica por conta de Prudente, onde houve 1.782 trabalhadores dispensados de suas funções e 1.549 contratados.
Quando analisados os setores, o que mais influenciou negativamente o indicador regional foi a indústria da transformação, com 708 desligados e 584 colocados, gerando um déficit de 124 postos. O diretor regional do Ciesp/Fiesp (Centro e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Wadir Olivetti Júnior, argumenta que a região, de modo geral, vive um “período difícil” em função da falta de novos investimentos e da distância com os grandes centros, fatores que atingem diretamente o mercado local, cujos gargalos são o comércio e o setor de serviços, os quais, em sua opinião, “não geram riqueza alguma”.
Wadir destaca a indústria e agricultura como duas fontes expressivas de desenvolvimento econômico, contudo, ambas são “pouco pungentes” na 10ª RA. “Como vivemos um momento conturbado da economia, a indústria não consegue ser alavancada pelo comércio e serviços”, avalia. O diretor menciona ainda que o varejo local é sufocado pelos grandes atacadistas, sobretudo os hipermercados, que, por reunirem diferentes departamentos, concentram todo o faturamento nas mãos de poucos.
Efeito sanfona
Na sequência dos resultados negativos, aparece a agropecuária, com 110 vagas a menos, justificadas pela dispensa de 297 pessoas e contratação de 187. O presidente do Sindicato Rural de Presidente Prudente e Região, Carlos Roberto Biancardi, explica que este resultado pode ser atribuído à sazonalidade do setor. Isso porque, segundo ele, há oscilações de desempenho conforme os períodos de safra, nos quais o emprego sofre um “efeito sanfona”, isto é, sobe e desce de acordo com a atividade que é executada naquele momento na zona rural.
Biancardi expõe que julho marca o fim da safra de cana-de-açúcar e sofre a interferência do clima, devido ao clima seco e à estiagem. O representante acredita, entretanto, que o cenário deve melhorar neste segundo semestre, quando chegam as chamadas safras de verão, que são as mais “abundantes” do segmento. “A partir de setembro, outubro, são iniciados os plantios de soja e milho, por exemplo, o que evidentemente aumenta a demanda do setor por emprego”, considera.
Reação mais rápida
Na contramão, o setor de serviços foi o que demonstrou o maior saldo positivo, com 195 novos postos de trabalho. Em julho, foram 1.759 contratações contra 1.564 desligamentos. O gerente regional do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), José Carlos Cavalcante, pondera que a variação no número de contratações é afetada pela reação da economia, sendo que, nesse cenário, o único segmento que apresenta uma evolução mais rápida é o de serviços. “Por ser um setor que depende muito de mão de obra, quando há o aumento da demanda, as contratações crescem”, relata.
O comércio e a indústria, por outro lado, têm um ciclo de execução de serviços que, a seu ver, é “muito mais longo” e refém do transporte. Cavalcante acrescenta que, nesse sentido, a recente greve dos caminhoneiros trouxe “grandes impactos” para estes segmentos, que acompanhavam o “ritmo de crescimento lento, mas gradual, da economia” e, de repente, regrediram.
Quanto ao setor em que atua, o representante do Sebare vislumbra uma tendência de novas contratações no segundo semestre, atribuída aos preparativos para as festas de fim de ano, que demandam a busca por mão de obra temporária. “Em âmbito geral, há uma expectativa com relação ao pleito eleitoral. Após este período, certamente os empresários e empreendedores terão uma visão mais clara do cenário vindouro e poderão avaliar melhor a viabilidade de abertura ou expansão de negócios”, pontua.
| Cadastro Geral de Empregados e Desempregados | |||||||||||||||||||||||||||
| Municípios | Extrativa mineral | Indústria de transformação | Serv indust de utilidade pública | Construção civil | Comércio | Serviços | Administração pública | Agropecuária | Total | ||||||||||||||||||
| Adm | Desl | Saldo | Adm | Desl | Saldo | Adm | Desl | Saldo | Adm | Desl | Saldo | Adm | Desl | Saldo | Adm | Desl | Saldo | Adm | Desl | Saldo | Adm | Desl | Saldo | Adm | Desl | Saldo | |
| Adamantina | 0 | 0 | 0 | 20 | 29 | -9 | 1 | 0 | 1 | 11 | 9 | 2 | 69 | 55 | 14 | 47 | 96 | -49 | 12 | 9 | 3 | 11 | 7 | 4 | 171 | 205 | -34 |
| Dracena | 29 | 26 | 3 | 0 | 0 | 0 | 25 | 8 | 17 | 93 | 79 | 14 | 134 | 137 | -3 | 0 | 0 | 0 | 4 | 5 | -1 | 285 | 255 | 30 | |||
| Euclides da Cunha Paulista | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 10 | 1 | 9 | 3 | 1 | 2 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 1 | 1 | 0 | 14 | 3 | 11 |
| Flórida Paulista | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 8 | 17 | -9 | 3 | 3 | 0 | 1 | 1 | 0 | 4 | 5 | -1 | 16 | 26 | -10 | |||
| Junqueirópolis | 47 | 35 | 12 | 0 | 0 | 0 | 0 | 1 | -1 | 16 | 22 | -6 | 45 | 35 | 10 | 0 | 0 |
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