Uma colisão, envolvendo um carro. Como condutor, um homem com idade entre 18 e 24 anos. Sábado de noite. Dentro da cidade. De acordo com as estatísticas do Infosiga-SP, esse é o cenário mais comum diante de uma pessoa que se torna vítima fatal em um acidente. O sistema pertence ao governo do Estado de São Paulo, que mensalmente traça o mapa das mortes no trânsito. Criado em 2015 e atualizado até agosto deste ano, a reportagem fez um levantamento de todo esse período. E o resultado mostra que 687 pessoas já morreram desta forma, levando em conta as 53 cidades que compõem a 10ª RA (Região Administrativa) do Estado de São Paulo, cuja sede é Presidente Prudente. Com a pesquisa, foi possível traçar até mesmo os perfis das ocorrências, como os principais dias, horários e veículos envolvidos, bem com as vítimas (veja tabela).
No primeiro plano, ao analisar a vítima em si, além do condutor (401 mortes) - como pessoa principal, que geralmente mais se envolve -, em seguida vem o pedestre (114 mortes). E na idade, o carro-chefe é dos 18 aos 24 anos (113 mortes), e, na sequência, a faixa etária dos 25 aos 29 anos (71 mortes).
Imprudência
Para o especialista em trânsito, Manoel Silva Félix da Costa, a tradução desses dados pode vir em concordância com a imprudência de jovens que se classificam em tal idade. “E no caso do condutor, significa que, muitas vezes, o acidente com vítima fatal envolveu um veículo no qual só havia o motorista”, completa. Ao passo que o pedestre ser uma das principais pessoas pode colidir com o fato dos atropelamentos também serem o segundo tipo de acidente. São 118 mortes geradas por essas ocorrências, e a causa só perde para as colisões: 303.
Em segundo plano vem o tipo de veículo, que engana quem pensa que as motocicletas estão à frente. Na verdade, das 687 mortes, elas detêm 199, mas perdem para as 256 vítimas que estavam dentro de carros. Mas o pensamento é explicado pelo especialista de trânsito, porque, “querendo ou não, as motos estão diretamente ligadas com a imprudência”. E para ele, isso é um fato, pois entende que a maioria dos motociclistas não dirige em congruência às leis de trânsito. “Ter moto é uma praticidade. É um caminho sem volta. É econômico, prático, um veículo mais fácil de manter. Mas o que precisa ser levado em conta é o perigo por trás, diante daqueles que não utilizam da maneira correta, pensando na boa circulação e na prevenção de acidentes”, argumenta.
Fim de semana
Por fim, a análise leva em conta os principais dias e o período do dia em que os acidentes e, consequentemente, as mortes ocorrem. O período da noite detém a maioria do quantitativo: 253, seguido pelas tardes: 139. Já em relação aos dias, há a comprovação de que no final de semana, sexta-feira, sábado e domingo, pega a maior parte. Respectivamente, os números de óbitos de cada dia são: 84, 158 e 157.
“Isso está ligado à euforia do final de semana, da noite, com confraternizações. Você marca um encontro, aí rola bebida alcoólica, junta o uso de celular [duas principais causas de acidente] e a visibilidade afetada no período noturno, pronto! É a receita perfeita para originar uma tragédia”, comenta Manoel. Ele não deixa de pontuar que, hoje, nós temos usuários muito mais preocupados com a fiscalização e muito menos preocupados com a segurança em si. Em um dos exemplos, ele cita o fato de usar acessórios somente próximos do policiamento, como o cinto de segurança.
Causas e educação
Via urbana: não respeitar o direito de preferência, principalmente nas áreas de cruzamento. Nas rodovias: excesso de velocidade e ultrapassagem. Para o especialista de trânsito, essas são as principais causas de acidentes de trânsito, atrelada às condições adversas: uso de celular e embriaguez ao volante. “Quando você dirige dentro da velocidade permitida, testada e comprovada por um técnico, você tem uma visão de um ângulo de 180º. Quando você aumenta a quilometragem por hora, você acaba encurtando o campo de visão e a probabilidade de gerar um acidente é maior”, comenta.
E em síntese, Manoel destaca que tudo isso vai ser preservado e perpetuado, no que tange a obedecer às leis de trânsito, através de uma única forma: a educação. “As pessoas resistem à mudança de comportamento. E enquanto não entenderem a necessidade de dirigir com prudência, ainda haverá acidentes e mortes no trânsito”, alerta.
Saiba mais
O levantamento também mostra que as principais mortes ocorrem em vias municipais, ou seja, dentro da cidade, do que nas rodovias. Mas é um número próximo: respectivamente, 343 e 323. Os demais 21 óbitos não têm localização informada. Ademais, o tempo entre o acidente e a morte ainda é contabilizado. Mas o Infosiga-SP revela que, na maioria das vezes, o falecimento ocorre de imediato, seja no local ou ao longo do dia: 565.
MORTES NO TRÂNSITO NA 10ª REGIÃO ADMINISTRATIVA DO ESTADO |
|||||
Idade |
0 - 17 |
29 |
Tipos de Acidente |
Atropelamentos |
118 |
18 - 24 |
113 |
Choque |
105 |
||
25 - 29 |
71 |
Colisão |
303 |
||
30 - 34 |
66 |
Não disponível |
47 |
||
35 - 39 |
60 |
Outros |
114 |
||
40 - 44 |
54 |
Tipos de Veículo |
Carro |
256 |
|
45 - 49 |
56 |
Bicicleta |
35 |
||
50 - 54 |
47 |
Caminhão |
27 |
||
55 - 59 |
43 |
Moto |
199 |
||
60 - 64 |
27 |
Não disponível |
40 |
||
65 - 69 |
40 |
Outros |
13 |
||
70 - 74 |
22 |
Ônibus |
3 |
||
75 - 79 |
24 |
Pedestre |
114 |
||
80 mais |
21 |
Tipo de vítima |
Condutor |
401 |
|
Não disponível |
14 |
Passageiro |
110 |
||
Dia da semana |
Segunda-feira |
52 |
Pedestre |
114 |
|
Terça-feira |
81 |
Não disponível |
62 |
||
Quarta-feira |
71 |
Tempo entre acidente e óbito |
Até 30 dias |
33 |
|
Quinta-feira |
84 |
Até 7 dias |
39 |
||
Sexta-feira |
84 |
Dia anterior |
25 |
||
Sábado |
158 |
Mais de 30 dias |
25 |
||
Domingo |
157 |
Mesmo dia |
565 |
||
150 |
Manhã |
116 |
Tipo de via |
Rodovias |
323 |
Tarde |
139 |
Via municipal |
343 |
||
Noite |
253 |
Não disponível |
21 |
||
Madrugada |
119 |
Sexo |
Masculino |
517 |
|
Não disponível |
60 |
Feminino |
150 |
||
Fonte: Infosiga-SP |
Não disponível |
20 |
Fonte: Infosiga-SP