A Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) divulgou, no fim da semana passada, a lista com os 47 jovens deputados selecionados para a 18ª edição do Parlamento Jovem. Na região, dos sete projetos de lei inscritos
, um foi selecionado. A autora é a estudante do 2º ano do ensino médio da Escola Estadual Professora Julieta Guedes Mendonça, em Dracena, Letícia Lima, 16 anos, que será empossada como deputada por um dia pela segunda vez. A jovem conta, em entrevista à reportagem, que sua proposta é para a área de Direitos Humanos e trata sobre a obrigatoriedade de auxiliares para professores com deficiência visual da rede pública de ensino do Estado de São Paulo.
Segundo Letícia, o objetivo da lei é a acessibilidade, no sentido de auxiliar docentes com deficiência visual em tarefas manuais no âmbito educacional, priorizando a segurança e o bem-estar da comunidade escolar. Para a estudante, o projeto tem várias vertentes positivas, como criar novos empregos e incentivar pessoas com deficiência visual a seguirem a carreira de professor. "Creio que é um meio muito eficaz de acessibilidade e respeito no ambiente de trabalho do professor, que é, sem dúvidas, uma das profissões mais importantes para a humanidade, então, deve ser valorizada", avalia.
Letícia é selecionada pela 2ª vez para o Parlamento Jovem
A estudante explica que conheceu o Parlamento Jovem por meio de um professor e se interessou pela iniciativa no mesmo instante. "Sabemos que o futuro do nosso país depende de uma nova geração. E que geração é essa que não se preocupa com a política? É necessário que comecemos com essa preocupação desde já", pondera. A estudante aponta que seu interesse pela vida pública vem se estruturando e criando alicerces há algum tempo, por meio de jornais, revistas, entrevistas e outros meios de comunicação. "A política sempre foi um tema difícil de discutir dentro de sala de aula, mas a minha família já até se acostumou com as refeições em que o assunto é esse", expõe. A jovem não descarta a possibilidade de seguir carreira política, contudo, seu real objetivo é fazer algo que possa beneficiar a si e a sociedade como um todo.
Para Letícia, a representação da região no Parlamento Jovem é "baixa e resultado da falta de interesse dos estudantes não só na política teórica como também na política prática". "É necessário mostrar aos jovens que a política não é um assunto assustador e apresentá-la sem um posicionamento e não de uma maneira muito empírica, a fim de que os próprios alunos desenvolvam suas opiniões, mas sempre baseadas na ética e na moral", enfatiza. Participante do Parlamento Jovem em outra edição, ela conta que dirigir os trabalhos da sessão plenária foi uma experiência "totalmente diferente do que já tinha imaginado". "É uma postura muito singular e realmente vale a pena participar", descreve. A estudante esclarece que, ao chegarem, os jovens deputados são orientados sobre como devem agir e aonde ir, então, no segundo dia, são empossados e ocupam uma cadeira na Câmara dos Deputados. "Aí, temos o dever de ouvir nossos colegas e votar em seus projetos. É exatamente como ser um deputado, só que por um dia", pontua.
Conforme a Alesp, a recepção dos candidatos selecionados e a sessão plenária ocorrerão nos dias 17 e 18 de novembro.
Outras visões
De acordo com o deputado estadual Ed Thomas (PSB), sete projetos inscritos pela região não configuram um número baixo e podem ser considerados uma "representação boa". Segundo ele, a soma de participantes seria maior caso houvesse maior fomento à formação política nas instituições de ensino, situação evidenciada no passado. "Até os anos 90, havia uma disciplina na grade curricular de ensino básico chamada Organização Social e Política do Brasil, que garantia aos estudantes o conhecimento da estruturação do Estado, da democracia e dos direitos políticos e deveres do cidadão", salienta.
Para o historiador e sociólogo Heitor Ribeiro, a escola ainda distancia o indivíduo da política prática, atendo-se apenas às teorias, visto que "há um pensamento muito tradicional nas escolas que faz com que não estejam prontas para uma democracia de fato e formação política real dos alunos". Heitor salienta que a solução seria instituições mais abertas ao diálogo e com os estudantes transformando as teorias em prática. "As ocupações recentes mostram isso: os alunos querem mudanças no ensino, mas desejam ser ouvidos sobre sua visão de escola", explana. O docente destaca ainda a questão dos grêmios, que "normalmente, não passam das eleições". "O grêmio vira um organizador de eventos da escola, mas não um espaço para a política ocorrer de fato", denota.
PROJETOS INSCRITOS NA REGIÃO
Dracena - 2
Junqueirópolis - 1
Irapuru - 1
Nantes - 1
Presidente Prudente - 1
Regente Feijó – 1