Rir é preciso!

OPINIÃO - Saulo Marcos de Almeida

Data 19/01/2021
Horário 04:30

Num aperto de agenda e compromissos a cumprir, deparei-me com a frase do Millor: Quem ri por último, ri atrasado. A tensão era muita, mas, não suficiente para impedir o humor do dia, pois o que aprendera era: Quem ri por último, ri melhor.
Por mais humano que seja a alegria/humor, a convivência com a dimensão lúdica da vida nunca foi equilibrada, particularmente, quando se julga realizar algo que requer seriedade: Muito riso, pouco siso.
Platão tratava o riso como mistura de dor e prazer, entrave no alcance da verdade e do bem. No desenvolvimento da espiritualidade cristã, desde os pais da Igreja (patrística), as lágrimas e os lamentos são sinônimos de maior contrição. O riso assemelhasse à leviandade. Quanto à produtividade humana é preciso distinguir o trabalho da brincadeira. Repetidas vezes, a mesma advertência: trabalho é trabalho, brincadeira é brincadeira! 
Numa época em que o humor foi quase descartado, pela crença excessiva na razão, Nietzsche sugeriu que o filósofo deveria ter o “boné do bufão da corte” como alternativa ao pensamento sério/racional.
Ao reler a história dos patriarcas bíblicos saboreio com uma pitada de humor as reações de Abraão e Sara que, avançados em idade, surpreenderam-se ao ouvir de Deus que teriam um filho. Em ambos, um sorriso discreto de incredulidade. Sara rindo no seu íntimo disse: Depois de já estar velha e, meu esposo idoso, ainda terei esse prazer? (Gênesis 18.12). Seu filho nasce e lhe é dado o nome de Isaque: Deus ri. E Sara nos convida: todo aquele que ouvir isso vai rir-se comigo.
Se rir demais é desespero (Victor Hugor), sabe-se que rir é próprio do humano e alternativa para a dor de cada dia. Vale lembrar padre Vieira: rir é um outro jeito de chorar. O Cristo ressurreto apresentava-se aos seus discípulos convidando-os à alegria da vida. O apóstolo Paulo, numa de suas cartas pastorais exortava: Quanto ao mais, alegrai-vos no Senhor. Na difícil arte de viver a vida recorda-se do salmista: Ao anoitecer, pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã.
Nunca é demais lembrar o efeito terapêutico que existe num bom sorriso. Afirma-se que numa gargalhada há poder curativo porque libera, entre outras substâncias químicas, a tal endorfina que age como verdadeiro analgésico.
Portanto, leitores e leitoras, riam sempre e nunca atrasados, conscientes de que o lúdico em tempos de pandemia constitui-se parte fundamental de nossa existência, espiritualidade e labuta. 
Que venha a vacina e extraia de nós o nosso melhor sorriso! 
 

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