Sem cumprir medidas impostas, saída temporária é um sério risco...

EDITORIAL -

Data 18/12/2020
Horário 04:15

Suspensas neste ano por conta da pandemia do novo coronavírus, as saídas temporárias de presos do regime semiaberto no Estado de São Paulo serão realizadas pela primeira vez em 2020 para o Natal e ano novo. Conforme divulgado pela SAP (Secretaria de Administração Penitenciária) na edição de ontem, 33.563 reeducandos - 3.106 deles da região de Presidente Prudente - aguardam o parecer da Justiça, que autorizará ou não, após análise individual de cada caso, a famosa saidinha.
De março a novembro, as visitas nas penitenciárias paulistas foram interrompidas e o contato com as pessoas de fora acontecia apenas por meio de cartas e videochamadas. Tudo para evitar a contaminação pela Covid-19, que já matou presos e também servidores da SAP. A pandemia continua. O detento que for beneficiado agora, no entanto, terá o direito de passar o fim de ano em casa com a família e amigos. Tudo indica que a saída ocorra já no início da próxima semana, com previsão de retorno em 5 de janeiro.
Mas a questão que preocupa é: quais medidas serão adotadas quando os presos voltarem ao sistema prisional? Daqui a alguns dias, eles vão sair dos presídios, vão conviver com outras pessoas, vão circular em diversos locais e correrão o risco de se contaminar. Se adquirirem o vírus, levarão o mesmo para dentro dos presídios, aumentando a chance de transmissão atrás das grades e também entre quem trabalha lá.
Antes deles saírem às ruas, o ideal é que os detentos sejam orientados sobre todas as medidas de enfrentamento à doença, principalmente os cuidados com relação à higienização e ao distanciamento, uso de máscaras e também de álcool em gel. Eles precisam saber como agir do lado de fora para se prevenir da Covid-19. Conforme SAP, ao retornarem, todos serão submetidos a um período de isolamento, geralmente de 14 dias, visando o monitoramento das condições de saúde. Realização de exames, da forma que já vinha sendo feito em várias unidades, também deve permanecer. 
O principal problema das cadeias é que são locais fechados com pouca ventilação e muitas celas com número maior de pessoas do que sua capacidade, formando aglomerações, que é o grande perigo. Para as medidas sanitárias surtirem efeito, todos precisam respeitá-las. O vírus está aí e, pelo visto, não está de saidinha...
 

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