Noticiamos com destaque na edição de ontem a proposta da Prudente Urbano de reajustar a tarifa do transporte coletivo de R$ 3,50 para R$ 4,35 (+24,2%). Na edição de hoje as páginas deste diário reverberam a opinião pública a respeito desse pedido, bastante negativa diante da possibilidade de termos uma passagem mais cara do que a da capital paulista.
Apesar da inegável melhora na qualidade do serviço após a nova concessão, com a chegada de veículos novos e em melhor qualidade, a internet sem fio gratuita e serviço de GPS que facilitou a localização para os usuários, a quantidade de linhas ainda é insuficiente para atender a demanda de quem depende desse modal.
Esperar horas no ponto de ônibus é algo comum, bem como percorrer quilometragens extensas e desnecessárias, dando diversas “voltas” para chegar em um local relativamente próximo do ponto de partida. Tudo isso porque, apesar da promessa já vinda da gestão anterior, de reorganizar as linhas, até hoje isso de fato não ocorreu. Mesmo prontos os terminais construídos em cada uma das zonas da cidade seguem inoperantes e alvos de depredação, como este diário relatou por vezes.
Para além disso, o sistema “radial” ainda vigora, com linhas que sempre passam pelo centro da cidade, em lugar da proposta de sistema “troncal” que teoricamente seria mais eficiente e vigoraria com a reestruturação do sistema de transporte. Com isso, o maior prejudicado segue o usuário que depende desse serviço para sua subsistência - pessoas que precisam do transporte para ir e voltar de seus trabalhos, sua fonte de renda e sustento – e que não possui condições de arcar com tamanha majoração.
Mas fato é que de nada adiantaria apenas usar verbas do erário público para “custear” a tarifa quando o sistema claramente não funciona adequadamente. O estudo técnico realizado já demonstrou que a forma como as linhas de ônibus são organizadas não têm sido eficazes na cidade. Não adianta apenas investir na frota e em infraestrutura quando a operacionalidade e a logística não é adequada.
O governo municipal já investiu verba do erário público para a elaboração de um Plano de Mobilidade Urbana, que aparentemente foi esquecido pela administração. É claro que as mudanças são estruturais e de difícil aplicação, mas não deveriam ser abandonadas completamente. Trânsito é algo crucial na vida de uma cidade e afeta o dia a dia da população, influenciando na qualidade de vida e no estresse diretamente. Não dá para desperdiçar tempo, esforço e dinheiro em ações paliativas, mas deve-se encarar o problema em sua totalidade e buscar saná-lo de uma vez por todas.