Graças aos medicamentos, milhares de doenças têm cura ou ao menos têm seus efeitos minimizados, podendo a pessoa acometida levar uma vida normal. Ocorre que nenhum remédio está isento de efeitos indesejados. Ou seja, ele melhora o problema, mas pode alterar o estado de saúde de outras formas. O Dia Nacional de Conscientização do Uso Racional de Medicamentos é lembrado nesta quarta-feira, e, neste ano, os profissionais da área reforçam o alerta sobre os riscos da automedicação, principalmente neste momento de pandemia, em que aumentou significativamente a busca por medicamentos sem comprovação científica.
O coordenador do curso de Farmácia da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), Luis do Nascimento Ortega, pontua que alguns medicamentos, dependendo de como são utilizados, podem levar até ao óbito. “Quando falamos de medicamentos, estão incluídas as plantas medicinais e fitoterápicos. Há uma tendência em achar que o que é de origem natural não faz mal, o que não é verdade”.
Na pandemia, muitas pessoas passaram a usar remédios sem comprovação de prevenção ou cura da Covid-19, inclusive fazendo uso diferente da forma prevista nas bulas. Conforme dados divulgados pelo CFF (Conselho Federal de Farmácia), a venda da hidroxicloroquina (antimalárico), por exemplo, mais que dobrou: de 963 mil em 2019 saltou para 2 milhões de unidades em 2020. A ivermectina (antiparasitário) teve aumento de 557% de um ano para o outro.
“O uso de medicamentos sem prescrição médica e orientação adequada pelo farmacêutico pode trazer sérios prejuízos, como insuficiência renal, hepatites medicamentosas, entre outras complicações”, ressalta Luis Ortega. Outro alerta que o coordenador da graduação traz é sobre o risco de intoxicação. De acordo com o Sinitox (Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas), os medicamentos são a primeira causa de intoxicação humana. No ano de 2017, foram registrados 20.637 casos, sendo que, destes, 50 foram a óbito e dois tiveram sequelas.
No processo de formação do futuro farmacêutico na Unoeste, o coordenador pontua que, desde o primeiro termo, e em diferentes disciplinas ao longo de todo o curso, assim como em eventos acadêmicos, atividades de extensão, prestação de serviços e estágios, os estudantes são preparados para atuar de forma consciente e com ética profissional para combater o uso irracional dos medicamentos. A orientação é: “Todas as pessoas que tiverem um problema de saúde ou quiserem evitar um, e necessitarem fazer uso de medicamentos, devem procurar ajuda de um profissional habilitado [médicos e farmacêuticos]. Nunca se automedique!”, frisa Luis Ortega.
O aumento do consumo de medicamentos também impacta no destino adequado quando estes estão vencidos ou em desuso, podendo gerar sérias consequências ambientais e para a saúde pública, conforme lembra o coordenador do curso de Farmácia. “Não se deve descartá-los em ralos ou lixos! Devem ser devolvidos à Farmácia onde foram adquiridos para a adequada destinação. Recentemente, foi publicado o Decreto 10.388, que estabeleceu o sistema de logística reversa de medicamentos domiciliares vencidos ou em desuso”, pontua.