Vidraçarias também sofrem com a pandemia

Empresários do setor revelam que indústrias reduziram a produção em até 70%, consequentemente, a elevação dos preços saltou de 28% a 35%

PRUDENTE - OSLAINE SILVA

Data 28/11/2020
Horário 04:00
Foto: Weverson Nascimento
Construção civil não parou, mas a queda na produção de materiais, como o vidro, foi inevitável
Construção civil não parou, mas a queda na produção de materiais, como o vidro, foi inevitável

Em alguns mais, em outros menos, do maior ao menor o fato é que a pandemia do novo coronavírus impactou economicamente todos os setores. E, embora a construção civil não tenha parado em todo o período de quarentena, a queda na demanda pela produção de alguns materiais, como o vidro, por exemplo, se reflete agora em uma diminuição na oferta e, consequentemente, elevação dos preços. 
Wilson Teixeira Rocha, 58 anos, proprietário da Vidroplan, em Presidente Prudente, diz que, na verdade, desde o início desse problema da pandemia as indústrias reduziram a produção em 70%, trabalhando com um terço mais ou menos do habitual. O que resultou no referido aumento de preços, atrasos de mercadorias, entre outras dificuldades. 
“De quatro meses para cá teve uma elevação em torno de 30% do valor. Não houve adiamento de serviços, a construção civil é uma coisa que não para, tem sempre uma demanda grande e quem estava construindo foi tocando normalmente. O setor segue se mantendo, claro, com uma diminuição, porque estamos vivendo um problema mundial de saúde e, não apenas o vidro, mas assim como em tudo, o aumento de valores atrapalhou um pouco”, comenta Wilson. 
O empresário, diretor da Moreira Vidros, Bruno Moreira, 28 anos, que também é advogado, diz que o volume produzido foi destinado parte para cumprimento de contratos de exportação favorecido pelo câmbio e parte para o mercado externo aquecido pela sazonalidade de fim de ano, e também pela segurança do investimento no setor imobiliário. 
“Nos últimos seis meses, baseado na oferta e demanda, o mercado gerou aumentos em torno de 35%. A produção das usinas de base, que hoje somam 11 fornos, está no limite máximo. Em nossa loja, a procura por nossos produtos cresceu se compararmos ao ano anterior”, expõe o diretor.
Enquanto empresário, em relação a esta realidade que pegou todo mundo de surpresa, e os números de mortes e infectados só aumentando, Bruno salienta que, para continuarem trabalhando, todos os protocolos de segurança de higiene e distanciamento foram adotados, visando o bem-estar e saúde de todos, tanto funcionários quanto clientes. Mas ainda é preocupante.
“Vejo este cenário com tristeza, pois o comércio e as indústrias já estão passando por situações ruins, vindo a piorar. Se faz necessário aprimorarmos esses cuidados e trabalharmos juntos para minimizar os efeitos da pandemia”, destaca o empresário.

Para os micros é ainda mais difícil

Segundo experiência própria, ou seja, a realidade que ele está vivendo, o empresário microempreendedor Ivanildo de Campos Lanza, 55 anos, da ICL Vidros, confirma a diminuição da produção nas fábricas e, com isso, menor oferta nos estabelecimentos.
“Isso contribuiu para o aumento dos preços do produto. Algumas distribuidoras já repassaram com aumento em média de 28% a 35% nos últimos dois meses. A demanda na construção civil permaneceu dentro da normalidade, se comparado ao mesmo período do ano passado. Mas, com certeza, alguns que já estavam no estágio final de uma obra conseguiram conclui-la, mas quem estava no início, a maioria resolveu esperar, tanto pela situação do país, como pela falta da matéria-prima. E hoje o que está mantendo a maioria das empresas são as reposições e manutenção do que já tem”, expõe o microempreendedor.
Ivanildo acrescenta que esta realidade que pegou todo o mundo de surpresa está difícil, porque muitas vezes os clientes não entendem a situação e cobram uma posição. “E ainda tem os oportunistas que aproveitam para dar o calote nos clientes. Infelizmente, não depende somente de nós representantes, mas esperamos que as coisas se normalizem o mais rapidamente possível, senão, muitos não irão aguentar por muito tempo com as portas abertas. Infelizmente, haverá mais desemprego”, lamenta o microempreendedor.

Foto: Weverson Nascimento

impacto da pandemia nas vidraçarias
Wilson é um dos empresários do ramo que seguem driblando o atual momento

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