O feminicídio é caracterizado pelo assassinato de uma mulher, simplesmente cometido pelo desprezo que o autor sente quanto à identidade de gênero da vítima. Conforme o relatório “Violência Doméstica durante a Pandemia de Covid-19”, publicado em junho, em comparação com o ano passado, os casos de feminicídio cresceram 22,2%, entre março e abril deste ano, em 12 Estados brasileiros. O confinamento entre assassino e vítima pode ter propiciado o crescimento dos casos, inclusive de violência doméstica.
E não é preciso ir para localidades distantes para ter conhecimento da gravidade do delito. Um dos casos mais recentes ocorreu em Presidente Prudente e vitimou uma mulher de 37 anos, moradora do Residencial Cremonezi. Em interrogatório nesta semana, o marido confessou o crime e disse que não tinha a intenção de tirar a vida da esposa. “Pensei que houvesse desmaiado”. Foi essa a afirmação na frente dos policiais, que ainda tiveram que ouvir do homem que estava “arrependido por tudo o que aconteceu”. O motivo da morte? O pedido de divórcio feito pela vítima.
Na ficha criminal do investigado, há duas prisões por violência doméstica – o que mesmo assim não impediu que o mesmo concretizasse o ato. Diante disso, levantam-se questões: de que adianta a punição se ele volta a cometer o crime? Até que ponto a medida protetiva é eficaz para afastamento? Será que as mulheres estão realmente seguras pela legislação? São indagações que muitas vezes desanimam a vítima a procurar ajuda, pois teme que uma hora ou outra irá esbarrar com o criminoso – se não dentro da própria casa.
Esse é um triste cenário que mata cada vez mais e mais adolescentes, adultas e idosas. Existe na cultura brasileira uma superioridade masculina em que as mulheres acabam se tornando submissas aos desejos dos companheiros. Talvez o equilíbrio entre esses papéis possa contribuir para mudar essa realidade e evitar que elas sejam vítimas da violência doméstica e do feminicídio, mudança que precisa ser feita o quanto antes!
