Vítimas da desconfiança doentia

EDITORIAL -

Data 15/08/2020
Horário 04:18

A comunidade não pode fechar os olhos contra a violência que vitima mulheres a todo momento no Brasil e no mundo. Não apenas a violência física, mas as demais que influenciam diretamente nas relações interpessoais da vítima – tendência que pode piorar caso ela não procure ajuda. O que chama a atenção é que os crimes são praticados por aqueles que juraram “amor eterno”: os próprios companheiros. Eles desenvolvem a desconfiança, que se torna uma doença e acaba em um final não desejado. 
Nesta semana, a reportagem noticiou dois fatos da região e que indignaram pela maneira de como ocorreram. Em Rosana, uma mulher de 39 anos teve o seio queimado com vela durante uma discussão com o homem com quem tem uma relação estável. Na ocasião, ele desacreditou que ela tivesse passado o Dia dos Pais com a família. Já uma moradora de Rancharia teve o celular rastreado pelo marido que a jurou de morte caso voltasse para os braços da família. Ele a encontrou em um hotel em Presidente Prudente, e a aguardava com luvas e uma faca no terminal rodoviário. 
O que se passa na cabeça de um sujeito para se submeter a uma situação deste tipo? Será a falta de confiança em si mesmo? Ou o próprio mau-caratismo revelado no decorrer da convivência com a parceira? Em situações como essas, é importante que a mulher caia fora o quanto antes, porque a partir do momento em que começar a engolir as ordens dos agressores, a tendência é que seja ainda pior – o que pode resultar no feminicídio. Sim, porque a violência entra num ciclo diário e que a vítima acaba não mais enxergando a gravidade da situação, imagina que tudo seja algo normal. 
É sempre bom frisar as falas das autoridades policiais ou de instituições que abraçam as mulheres de que a denúncia é a opção mais segura. Porque é a partir dela que a vítima terá pelo menos uma margem de segurança, que é a aquisição da medida protetiva de urgência – não que ela resolva a situação, mas dá uma sensação de “paz” para seguir em frente. Além de levar os casos ao conhecimento das autoridades, a vítima precisa entender o quão importante é a vida dela, e que não necessariamente precisa ser feliz pelo amor de alguém. O amor próprio, acima de tudo, é o primeiro passo para as grandes conquistas. 

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