Voto pode ser ferramenta popular para prevenir crimes ambientais

EDITORIAL -

Data 27/01/2019
Horário 06:00

Um crime ambiental chocou o país esta semana, quando na manhã de sexta-feira uma barragem de uma grande mineradora se rompeu na manhã de sexta-feira em Brumadinho, em Minas Gerais. O motivo do impacto da tragédia não foi necessariamente o fato em si, mas a memória fresca do maior desastre ambiental do país, que aconteceu há apenas três anos (e aparentemente não ensinou lições), com o rompimento da barragem de Mariana, também em Minas.

A diferença é que, enquanto Mariana deixou 19 mortos, Brumadinho já soma mais de 300 pessoas desaparecidas, o que pode resultar em um número de vítimas a ser consolidado muito maior. Ambos os casos, apesar de tratados por muitos como “tragédias” consistem em verdadeiros e constatados crimes ambientais.  Enquanto houve negligência na fiscalização do desastre anterior (que até hoje não teve suas investigações concluídas, anos depois, sem a punição dos responsáveis), uma ata de reunião do órgão ambiental de Minas Gerais já apontada pelo risco de rompimento da barragem, na ocasião em que foi aprovada de forma acelerada a ampliação das atividades do complexo, de acordo com informações da Folha de São Paulo.  

Seria muito fácil responsabilizar apenas os executivos por trás dos empreendimentos, mas a realidade é que todo o sistema político corrupto que tem se vendido às empresas e defendido (inclusive por meio de legislação) a flexibilização da legislação ambiental, do processo de licenciamento, mudanças no código de mineração e uma série de outras ações que vão na contramão da preservação da natureza, dos recursos naturais e também da vida humana. É por isso que a população deve se manter atenta às pautas prioritárias de seus candidatos e rejeitar aqueles que estejam dispostos a transformar ambientes públicos em verdadeiros balcões de negócio. Ainda que pareça difícil separar o joio do trigo em um cenário tão difuso, complexo e contraditório como o político, existem indicativos bastante concretos de desinteresse com o bem maior que podem ser identificados aos observadores atentos.

Aos que já possuem cargos públicos e mandatos eletivos, é importante comparar o discurso com a trajetória prática e também com o comportamento do indivíduo, verificando se suas “bandeiras” correspondem às suas falas, ao seu modo de tratar os oponentes e à sua credibilidade.  O conteúdo das propostas, o embasamento fático, teórico e estatístico por trás delas e as demandas mais relevantes aos olhos deles também devem ser analisadas minuciosamente, sendo eles novos postulantes ou “velhacos”. As alianças também são extremamente importantes, bem como a equipe que os acompanha, pois como diria o velho ditado “diga com quem andas e direi quem tu és”.  São ferramentas simples como estas (mas que exigem o esforço e a atenção dos eleitores) que podem transformar a realidade política do país. Não há nenhum reformista “salvador da pátria” e deve-se ter cautela com os que se vendem dessa forma.

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