Cotidiano

Guarujá, no litoral de SP, vive alta de novos prédios e reformas

  • 22/01/2020 07:40
  • KLAUS RICHMOND
GUARUJÁ, SP (FOLHAPRESS) - Virou cena comum em Guarujá, no litoral sul de SP, deparar-se com prédios antigos em reforma e ver andaimes montados e trabalhadores pendurados por cordas. Um dos destinos mais procurados do verão no estado --pouco mais de 2 milhões de turistas são estimados no período--, a cidade vive um boom de reformas e construções. No último ano, ao menos 309 reformas passaram pelo aval da prefeitura, o maior número dos últimos seis anos. Foram 1.537 novas construções erguidas. Nos anos anteriores, o número de novas obras girava entre 900 e 1.000. Apesar da alta, donos de imobiliárias reclamam de encalhe nas vendas de imóveis. "Houve o término de muitas obras iniciadas, mas as vendas despencaram. Registrávamos, ao menos, duas vendas por mês em 2018. O último ano foi, pelo menos, 50% pior", disse Mário Sandes, 57, responsável por uma imobiliária na praia da Enseada. As principais críticas de moradores recaem sobre o aumento de IPTU e de condomínios em prédios próximos à orla. "Temos um dos IPTUs mais caros do Brasil. Há dois anos, vi apartamentos no meu prédio serem vendidos por R$ 450 mil. Hoje, não conseguem mais de R$ 300 mil", diz a aposentada Dulce Kato, 67, coordenadora do Movimento Vamos Cuidar da Pitangueiras. O temor de associações de bairro é de que a escalada do IPTU venha a ser maior ainda caso seja aprovada a revisão do Plano Diretor do Município, que vence em 2023. A prefeitura tenta aprovar na Câmara a alteração dos gabaritos de prédios da Enseada --maior praia de Guarujá, com quase 6 km de extensão. Além do crescimento imobiliário, as orlas das principais praias receberam iluminação, reparos nas calçadas, pavimentação, academias ao ar livre e rampas de acessibilidade. O custo foi de R$ 14,3 milhões de verba municipal na Enseada. Além dela, as praias do Tombo e Astúrias também receberam atenção. "A iluminação da Enseada foi importante. Tivemos problemas, sim, com falta de água no último dia do ano e alguns pequenos registros, mas temos recebido menos reclamações agora", diz Eduardo Butron, 60, presidente da Sociedade Amigos da Enseada. Eram comuns relatos de insegurança e assaltos próximos às praias. Turistas também eram aconselhados a sair sem celulares e pertences de valor. "Nos fins de semana era arrastão certo, agora temos muito policiamento", conta Hector Jesus Aquino, 23, morador de bairro vizinho a Enseada. Moradores de outros bairros, porém, se queixam. "A nossa impressão é de que o prefeito só fez maquiagens", rebate Dulce, que lidera um movimento "pela indignação com a falta de cuidados com a praia". Ela afirma que não há fiscalização ativa para coibir o uso de som alto e uma série de práticas proibidas na praia, além da sujeira nas areias. Em busca de nova imagem, a gestão do prefeito Válter Suman (PSB), que deve tentar a reeleição neste ano, investiu no Mirante da Campina, no Morro do Maluf, entre as duas praias mais movimentadas, Enseada e Pitangueiras. O local dá vista para toda a orla e passou por uma revitalização, com instalação de iluminação, sinalização, guarda-corpo e estacionamento. A nova estrutura dos 54 quiosques da Enseada, demolidos da faixa de areia e construídos na calçada, em 2018, ainda passa por adaptação. O policiamento também foi reforçado. Segundo dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública, em 2018 houve queda no número de homicídios dolosos, furtos, roubos e furtos e roubos de veículos. Foram 2.428 roubos registrados em 2018, ante 3.288 em 2017.