Cotidiano

Três regiões de São Paulo concentram 60% dos leitos de tratamento intensivo

  • 09/04/2020 12:35
  • WILLIAM CARDOSO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Apenas 3 das 32 subprefeituras de São Paulo concentram 6 em cada 10 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do SUS (Sistema Único de Saúde) na cidade. Os números fazem parte de um levantamento realizado pela Rede Nossa São Paulo e foram baseados nos dados divulgados pelo Datasus em fevereiro deste ano. Segundo o mapeamento, Sé (região central), Pinheiros (zona oeste) e Vila Mariana (zona sul), localizados em área rica e central da capital paulista, concentram 57,4% dos leitos de UTI existentes na cidade. Por outro lado, em sete subprefeituras, onde vivem cerca de 20% dos paulistanos, não há nem um leito de UTI sequer. A maioria desses 2,4 milhões de habitantes vive em bairros da periferia da capital. São as regionais de Aricanduva (zona leste), Campo Limpo, Cidade Ademar, Parelheiros (zona sul), Jaçanã, Perus (zona norte) e Lapa (zona oeste). A Rede Nossa São Paulo diz que a recente iniciativa da Prefeitura de São Paulo, sob a gestão de Bruno Covas (PSDB), de ampliar o número de leitos com hospitais de campanha é urgente e necessária e lembra ainda que um hospital entrará em operação em maio na Brasilândia (zona norte). Mas diz, também, que a demanda por vagas em bairros afastados é antiga e resultado da desigualdade social. "Quando surge um problema como o coronavírus, isso se sobressai mais ainda", diz Jorge Abrahão, coordenador geral do Instituto Cidades Sustentáveis, ligado à Nossa São Paulo. "Mostra incapacidade em construir uma cidade mais equilibrada." A gestão Covas afirma que os hospitais municipais estão distribuídos em sua maior parte na periferia e que a concentração à qual a reportagem se refere não reflete a realidade da rede pública municipal. Diz, entre outros, que o Hospital de Parelheiros tem 25 leitos de UTI e chegará a 288 leitos de UTI para pacientes de Covid-19 até 31 de maio. Já o governo estadual diz que tem hospitais localizados nas cinco regiões da cidade, inclusive com prevalência nos extremos das zonas sul e norte.