Exterior

Bares e restaurantes organizam festas para acompanhar apuração no Reino Unido

  • 12/12/2019 08:33
  • ANA ESTELA DE SOUSA PINTO
LONDRES, REINO UNIDO (FOLHAPRESS) - Sem campanhas de última hora, pesquisas eleitorais ou cobertura na TV ou no rádio, mais de 45 milhões de britânicos decidem nesta quinta (12) o futuro do brexit. A votação ocorre das 7h às 22h (das 4h às 19h, no horário do Brasil), e a legislação impede a transmissão de qualquer noticiário eleitoral nesse intervalo. A restrição não cita especificamente sites noticiosos e mídia social, mas veículos devem evitar conteúdo que possa ser interpretado como tentativa de influenciar o voto. O resultado em todos os 650 distritos deve ser conhecido por volta das 6h (3h no Brasil) desta sexta (13). O mais importante, porém, é saber se o primeiro-ministro Boris Johnson, líder do Partido Conservador, consegue ou não assegurar maioria para aprovar seu acordo do brexit. Essa resposta pode vir ao longo da madrugada -pesquisas divulgadas na quarta mostravam eleição ainda indefinida, com Boris assegurando de 311 a 367 representantes (são necessários 326 para a maioria). Por volta das 23h (20h no Brasil), as emissoras de TV BBC, iTV e Sky News devem divulgar pesquisa de boca de urna encomendada ao instituto Ipsos Mori. Em 2017, a pesquisa previu corretamente um impasse no Parlamento (quando não há maioria clara) e, em 2015, acertou ao indicar vitória dos conservadores. A apuração garantirá uma maratona de festas e bebidas. Pubs, restaurantes e casas noturnas devem ficar abertas durante a madrugada para acompanhar as apurações. Há sessões programadas de "karaokê político" e promoções de "dois drinques pelo preço de um" e pizza gratuita para todo mundo que aparecer fantasiado de Boris Johnson ou Jeremy Corbyn. Outros bares organizam jogo de dardos em que os alvos são os candidatos ou suas propostas de campanha e há apresentações especiais de comédias stand-up com temas eleitorais. Numa eleição atipicamente marcada para dezembro, não faltarão também celebrações natalinas: restaurantes anunciam suas ceias de breXmas (união das palavras brexit e Xmas, Natal em inglês), apelido criado para o pleito de 2019. Nos 90 minutos finais da eleição, atores reencenam num teatro de Londres "The Vote", peça experimental levada ao ar pela primeira vez em 2015, na qual três atores representam funcionários de uma zona eleitoral e improvisam em tempo real. Além das festas mais democráticas, há as voltadas apenas para simpatizantes de um determinado partido. Para não entrar no covil do inimigo, o eleitor deve ficar atento a bandeiras azuis, vermelhas ou amarelas, para os liberais democratas. Tabloides britânicos também dão dicas para organizar sua própria festa, "longe dos rivais e perto da sua cama, se o cansaço vencer a animação". Baristas sugerem coquetéis com Curaçao (licor azul) para conservadores, cranberry para trabalhistas e fatias de limão para os liberais democratas, e, entre as possíveis atividades para aguentar a noitada estão um bingo eleitoral com os 650 distritos e "poll dancing" (uma brincadeira com a palavra poll, votação, e pole dancing, dança com apoio em barras, geralmente praticada por dançarinas em boates). Na manhã desta quinta (12), o premiê Boris Johnson levou seu cachorro, Dilyn, para acompanhá-lo na votação, em Londres. Mestiço da raça Jack Russell Terrier que foi adotado por Boris após ser abandonado aos 4 meses de idade, Dilyn usava no pescoço um lenço azul (cor dos conservadores) e uma coleira vermelha (dos trabalhistas). Os principais líderes de oposição -o trabalhista Jeremy Corbyn, a liberal democrata Jo Swinson e a nacionalista escocesa Nicola Sturgeon-  também votaram logo cedo.