Exterior

Partidos chegam a acordo e se aliam para formar governo na Espanha

  • 12/11/2019 22:38
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após meses de impasse e de troca de críticas públicas, Pedro Sánchez (PSOE) e Pablo Iglesias (Podemos) anunciaram nesta terça-feira (12) que chegaram a um acordo preliminar para formar um governo conjunto na Espanha. E selaram o acerto com um abraço. O documento não deixa claro quais serão as funções de cada um no novo governo nem as linhas que serão adotadas. Há menções genéricas a proteger os direitos sociais, garantir a convivência na Catalunha e fortalecer as autonomias regionais. O PSOE, que comanda o governo desde junho de 2018, foi o mais votado nas eleições de domingo (10), com 120 assentos conquistados. A coligação Unidas Podemos ficou em quarto, com 35. Juntos, têm 155 cadeiras, mais do que a soma do segundo e terceiro colocados (PP, de direita, e Vox, ultradireita, que chegaram a 140 somados). Segundo alguns veículos da imprensa espanhola, houve um acerto para que Iglesias fique com o cargo de vice-presidente de governo, em um sinal claro de que o PSOE finalmente cedeu no ponto que travava as conversas: dividir o poder. No Twitter, após o acordo, Pedro Sánchez escreveu sobre sobre o pacto. "Este acordo nasceu com o objetivo de se abrir a outras forças políticas para viabilizar uma maioria parlamentar estável e sustentável. Hoje, o PSOE abre uma rodada com o restante dos grupos parlamentares para construir essa maioria. Apelamos à sua responsabilidade e generosidade." O líder do Podemos classificou o acordo como "a melhor vacina contra a extrema-direita". No domingo, o partido de ultradireita Vox teve um crescimento expressivo, e passou de 24 para 52 assentos, tornando-se o terceiro mais votado. O resultado gerou temores de que uma nova eleição, em caso de falta de acordo, possa fazer com que o Vox cresça ainda mais. O partido se posiciona contra o que chama de política tradicional e defende bandeiras como o fim das autonomias regionais e o veto a imigrantes. A questão separatista marcou a campanha. Enquanto os candidatos rodavam o país, protestos na Catalunha terminaram em confrontos com a polícia e barricadas de fogo em Barcelona. Os atos retomaram força depois da condenação de líderes que participaram do movimento de 2017. O separatismo é usado pela direita como exemplo de que a autonomia regional é uma das raízes dos problemas da Espanha. Regiões como o País Basco e a Catalunha, que possuem mais autonomia, são mais desenvolvidas que outras, como a Andaluzia. Pela primeira vez, o Parlamento espanhol terá representantes da CUP. O partido de extrema esquerda participa da tríade separatista catalã e quer independência a qualquer custo. A legenda conseguiu dois assentos e sua cabeça de lista, Mireia Vehí, já avisou que a missão da CUP nessa legislatura será gerar a "ingovernabilidade do regime". Nas eleições de abril, o PSOE também foi o vencedor, mas não conseguiu fazer um acordo com o Podemos para formar governo, o que levou à nova votação geral, no domingo passado. Os dois partidos perderam votos em comparação a abril. A expectativa, segundo o El País, é que a coligação atraia legendas regionais, como o PNV (Partido Nacionalista Vasco; sete assentos), Más País (três), BNG (Bloco Nacionalista Galego; um), PRC (Partido Regionalista da Cantábria; um) e Teruel Existe (um). Mesmo que não chegue aos 176 assentos necessários para a maioria, o bloco de esquerda pode assumir o governo desde que outros partidos menores se abstenham e não bloqueiem a investidura. Se a coligação for aprovada, será a primeira vez que a Espanha terá um governo de coalizão desde sua redemocratização, nos anos 1970. PSOE e PP se alternam no poder desde 1982.