Heróis de branco atuam na linha de frente na luta contra o Covid-19

Que fique marcada esta data em homenagem aos profissionais da saúde, que mais do que nunca estão exercendo o juramento que fizeram: “salvar vidas!”

PRUDENTE - OSLAINE SILVA

Data 05/04/2020
Horário 04:00
Abr - Em embate travado contra o novo coronavírus, profissionais da saúde não medem esforços, arriscando a própria vida
Abr - Em embate travado contra o novo coronavírus, profissionais da saúde não medem esforços, arriscando a própria vida

A edição deste domingo ficará marcada por uma homenagem prestada aos profissionais de saúde, anjos sem asas, heróis que vestem como armadura o verde, azul, vermelho, mas a cor que os representa é o branco! Como armas contra um inimigo desconhecido estão usando suas próprias vidas na linha de frente da batalha contra esse novo coronavírus, Covid-19. São pais, avós, filhos, tios, irmãos, que fizeram o juramento de “salvar vidas”! O infectologista André Luiz Pirajá da Silva, 42 anos de vida e 15 deles como médico, e o conselheiro regional do Cremesp (Conselho Regional de Medicina), Henrique Liberato Salvador, 72 anos, sendo 48 de medicina, muito bem representam estes profissionais, que lidam diretamente com a saúde das pessoas.

“Já vi muita coisa. Já fui muita coisa. Só não esperava estar vivo para ver tudo isso. Meus amigos de vida e profissão, Roberto Kalil, David Uip, Raul Cutait e Angelita Gama, professores da USP [Universidade de São Paulo] e médicos do Sírio Libanês, foram infectados. Os dois últimos ainda se encontram entubados! Temos o juramento Hipocrático: ‘Podemos ter até medo do desconhecido, mas neste momento estamos todos enfrentando com muita coragem”, enfatiza Henrique Salvador.

Pirajá afirma que com a modernização da medicina aliada às informações que as pessoas têm, cabe a qualquer profissional saber lidar com o lado emocional e psicológico. “Saúde é o bem-estar de uma pessoa não só fisicamente, mas emocional, psicossocial, da família e, principalmente, espiritual. É preciso entender a saúde, hoje, dessa forma holística como bem-estar físico, mental e espiritual. Esse é o nosso maior desafio”, acredita o especialista.

E vivendo essa pandemia, o infectologista acentua que cabe ao médico exercer a sua empatia, sua capacidade de se colocar no lugar do outro que está ansioso, amedrontado. Olhar o seu paciente, a família dele, não somente até ela, mas através dela. Entender o porquê o outro está sendo agressivo com o médico, muitas vezes, o confrontando. “A informação trouxe esse confronto do paciente ao médico, que antes era visto como ‘algo inatingível’, e hoje não é. Então, o médico precisa ter esse entendimento, sabedoria, posição firme, saber das suas convicções do fato de estar atualizado, enxergar através do machucado, da ferida, da doença, porque ali tem uma pessoa, uma alma, um espírito e que tem uma família que deve ser vista de uma forma holística”, reforça Pirajá.

É TEMPO DE

REFLEXÃO

O infectologista diz que, de uma forma geral, o que mais tem observado nas pessoas é o grande medo de morrer, de deixar os filhos, a família. Isso não somente entre os profissionais da saúde, os colegas médicos que estão na linha de frente, a enfermagem, as recepcionistas dentro das instituições, que estão à frente da batalha, mas também dos pacientes, seus familiares e conhecidos. Por isso, prestam orientações de uma forma coesa, sincera, a não omitir, mas trazer conhecimento, sendo um foco de luz na escuridão. Um foco de paz em meio à atribulação, para mostrar às pessoas que por trás de toda essa barreira de dificuldades e medo pode ter um aprendizado muito grande.

“Outra coisa que tem chamado minha atenção é o isolamento social. O quanto as pessoas não suportam, estranhamente, estarem próximas umas às outras. Pensar que, muitas vezes, ouvimos ‘ah não vejo a hora de chegar o fim de semana para estar com minha família’, mas quando foram obrigadas a isso estão tendo dificuldade. Certa aversão. Então, é um tempo para refletirmos sobre a saúde emocional da família, o nosso tempo de qualidade com aqueles que tanto amamos”, salienta Pirajá.

O médico acentua que, mais que em sua especialidade, procura sempre olhar seu paciente como um todo. Dentro de um contexto de uma doença procura descobrir o que o levou a adoecer. Quais são suas mazelas emocionais, sociais. Em quais os problemas ele está envolvido. Assim, o paciente vai lhe dar uma informação mais completa de como poder tratar não somente o seu físico, mas com uma palavra de acalento para a alma, o coração. Entender que ali tem um pai de família, uma mãe, um filho, um irmão, uma irmã. Ou seja, enxergar além do paciente.

“Além disso, tenho uma máxima comigo que toda pessoa que se aproximar de mim tem que sair melhor. E outra máxima é extrair o melhor das pessoas, de tal forma que eu ganhe aprendizado, que eu consiga melhorar com uma lição de vida ou com o erro do outro que me ensina a não cometer o mesmo, ou com uma história de vida que, geralmente, é extremamente rica!”, agradece Pirajá.

UNIÃO FAZ

A FORÇA

Nesse cenário de pandemia, Henrique Salvador diz que os profissionais da saúde estão aprendendo todos os dias. E, felizmente, hoje a comunicação é instantânea. Assim, podem mapear o comportamento do vírus, que no Brasil já mostrou novidades com o comprometimento dos mais jovens. “A medicina muda a partir de agora. Vide telemedicina. Ela será exercida por todos. Quando digo todos, me refiro aos profissionais da saúde e também os das exatas, pois cada vez mais a engenharia médica e comunicação serão fatores, ou facilitadores do exercício da medicina”, acredita. “Num momento como este não podemos só elogiar a máquina. Temos que ter Deus dentro de nós, iluminando nosso raciocínio, mantendo nossa calma e mostrando a luz do caminho a ser seguido!”, acrescenta, reforçando que este é o momento para reflexão, pois aquele que possui riquezas materiais e o que não possui foram igualados. “Temos que ser humildes. Mudar nossa conduta. Somos frágeis. Temos que amar mais uns aos outros”.

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