Iniciativas que visam preservar a natureza deveriam ser obrigatórias

EDITORIAL -

Data 21/04/2018
Horário 10:01

Uma boa notícia chega às mãos do leitor nesse sábado. Pelo menos nove usinas de cana-de-açúcar da região buscam obter o Selo Etanol Verde junto à Secretaria de Meio Ambiente do Estado, por meio do Protocolo Agroambiental do Setor Sucroenergético. Para conquistar o certificado (que oito delas já conquistaram no ano anterior, e devem apenas renovar) é preciso manter práticas sustentáveis que evitem danos ao meio ambiente, dentre elas o fim da queima da palha, proteção e restauração de áreas ciliares e conservação do solo e outras.

Desde o surgimento do carro chamado “flex” (movido a etanol e gasolina), o setor sucroalcooleiro sofreu profundas mudanças e grandes investimentos. No entanto, questões econômicas foram as principais responsáveis por esse cenário, em lugar de preocupação com uma energia menos poluidora e renovável. Com isso, um problema substituiu outro e a monocultura da cana acabou assolando algumas regiões do Estado, como é o caso de Presidente Prudente – uma das principais produtoras dessa cultura no Estado.

No entanto, apesar dos benefícios econômicos do setor sucroalcooleiro, ele pode ser bastante prejudicial, principalmente pelos impactos das queimadas, prática ainda muito comum no Brasil. Fogo é ateado em canaviais inteiros numa espécie de tentativa de “limpeza” das folhas, consideradas descartáveis. O problema é a emissão de gases poluentes como metano, gás carbônico e outros que contribuem com o aquecimento global e prejudicam a atmosfera.

Por isso é importante que iniciativas como o Selo Etanol Verde sejam estimuladas, e mais do que voluntárias, se tornem padrão para a produção no país. O ideal é exigir que as práticas sustentáveis sejam mantidas pelas empresas necessariamente, para compensar suas atividades e o uso de recursos naturais, e não que o certificado sirva como uma espécie de “prêmio” ou um diferencial para ter mais competitividade no mercado. É realidade neste país que apenas grandes e lucrativas empresas se dão “ao luxo” de investir em medidas que visam a devolução à natureza daquilo que é usufruído.

Há uma cultura de que todos os bens estão ali para servir à humanidade, custe o que custar, e que são abundantes o suficiente para que não se pense em preservar. Infelizmente, os dados demonstram que isso não é uma realidade há muito tempo. Falta apenas que essa cegueira deliberada e seletiva se dissipe e que todos os setores (público e privado) assumam a responsabilidade que é intrinsecamente sua.

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