Técnica de PP é convocada para seleção de paranatação

Treinamento será no Centro de Treinamento Paraolímpico em São Paulo, de 3 a 9 de março

Esportes - OSLAINE SILVA

Data 16/01/2019
Horário 06:11
Marcio Oliveira - Técnica se emociona e diz que seus alunos a ensinam da mesma forma que ela os ensina
Marcio Oliveira - Técnica se emociona e diz que seus alunos a ensinam da mesma forma que ela os ensina

A técnica de natação de PCD (pessoa com deficiência) da Semepp/Apop/Pastorinho/Aurotec, de Presidente Prudente, Micheline Cardoso Pereira, está vibrando com a convocação para integrar a comissão técnica na primeira fase de treinamento da seleção brasileira sub-18 de paranatação. O treinamento será realizado no Centro de Treinamento Paraolímpico em São Paulo, de 3 a 9 de março.

Essa é a segunda vez que a técnica prudentina é convocada.  No ano passado, em novembro, ela integrou a comissão técnica da seleção paulista nas Paralimpíadas Escolares. “Na ocasião fui com outras duas atletas, deficientes físicas, Manoela Janase Gomes e Dayara Cardoso Vitor de Sousa. Agora ganho essa nova oportunidade na seleção brasileira. As expectativas são as melhores possíveis para 2019 com essa convocação logo no início do ano, pois esse meu trabalho à frente dele é recente, desde o início de 2017. Estou muito feliz porque as coisas estão acontecendo de uma maneira muito boa e rápida”, comemora a técnica.

Micheline explica que a natação paralímpica é para pessoas com deficiência física, visual ou intelectual. Ela é dividida em categorias de forma que os atletas com deficiências diferentes não venham competir entre si: dez para deficientes físicos, três para visual, duas para mental e síndrome de Dow. Antes de o participante competir ele passa por uma classificação funcional com profissionais como fisioterapeuta, educador físico, entre outros. Com isso, são observadas as eficiências da pessoa, apesar de sua deficiência. Então o atleta competirá com outro que possua a mesma deficiência que ele. “Isso é para tentar minimizar as injustiças, uma vez que conhecemos diferentes patologias, acidentes acontecem todos os dias, bem como coisas novas. Como não é possível ter uma categoria para cada um, e também não tem como todo mundo competir junto eles formaram esse método criterioso e bem bacana”, salienta Micheline.

Visualizando melhor

Para poder visualizar de forma mais clara como é a divisão dos competidores, Micheline explica que as categorias são compreendidas de S1 a S14 (S de swimming, natação em inglês). Segundo ela, do S1 ao S10 são deficientes físicos. Quanto mais baixo o número maior é o acometimento físico da pessoa. Imagine que um S1 é alguém que por má-formação ou amputação, que não possua braços, nem pernas.

O S2 às vezes tem só meia perna. Um cadeirante, paraplégico que possui movimento apenas nos membros superiores é um S6. O S10 possui acometimento em uma articulação ou tornozelo, nasceu com má-formação de uma mão. O S11, S12 e S13 referem-se aos deficientes visuais, respectivamente na ordem do menor para o menor: cego total e os outros dois com baixa visão. O S14 é o deficiente mental que abrange vários tipos de patologias dentro da deficiência, e o S23 síndrome de Down. “Meu grupo tem as três deficiências física, visual e intelectual”, menciona a técnica.

Amor pelo que faz

Prudentina com duas formações acadêmicas, em Direito e Educação Física, Micheline é pós-graduada, especializada em Treinamento Esportivo e Fisiologia do Exercício. Ela conta que foi atleta durante muito tempo de sua vida. Chegou a nadar fora do Brasil, na Europa, em Portugal. Depois que retornou, começou a estudar e se preparar para trabalhar do lado de fora das piscinas. E foi aí que as coisas começaram a dar muito certo e veio a oportunidade de trabalhar com deficientes. “Me encontrei. É muito legal! Muito desafiador, uma vez que se trata de um esporte adaptado, você tem que adaptar a realidade daquela pessoa. Mas você descobre que eles são muito mais eficientes do que deficientes! Eles me ensinam da mesma forma que os ensino. Tem sido maravilhoso. Não é um trabalho fácil, porém muito recompensador!”, exclama a desportista.

Micheline diz que vive cada conquista com seus alunos. Seja de uma medalha ou de uma vaga na seleção, mas a conquista de conseguir realizar um movimento que antes não conseguia ou que achava que não conseguia, porque muitos deles pensam que não conseguem e onde a gente tem que trabalhar que é possível sim. Que a gente tem que trabalhar para acontecer. Então desse tipo simples de realizar um movimento, uma tarefa durante a aula a uma medalha, melhorar um tempo, ficar bem ranqueado a nível de Brasil ou uma convocação eu vibro com eles na mesma intensidade porque é uma realização minha também. Do meu trabalho”, ressalta Micheline fazendo questão de agradecer a Semepp, a Apop (Associação Paradesportiva do Oeste Paulista), associação formada pelos pais dos alunos, e aos patrocinadores Pastorinho e Aurotec.

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