"A Gata de Vision" e "Passos dos Ventos"

DignaIdade

COLUNA - DignaIdade

Data 21/02/2023
Horário 09:09

Na segunda metade da década de 1960, a Rede Globo ainda ensaiava a liderança da audiência e tinha que dividir o filão das novelas com outras emissoras como Tupi e Excelsior. A responsável pelo departamento de Teledramaturgia era Glória Magadan, uma exilada cubana que escrevia novelas rocambolescas, que se passava em países distantes, com príncipes, rainhas, duques e condes em tramas de capa-e-espada. Em 1968 a emissora tinha sob contrato as duas maiores duplas românticas das novelas: Carlos Alberto e Yoná Magalhães, e Tarcísio Meira e Glória Menezes, protagonistas das novelas da emissora e casais da vida real. Com a tentativa de mudar a receita publicitária da época, Magadan resolveu trocar e misturar os casais para suas próximas produções: Assim, enquanto Yoná e Tarcísio Meira estrelavam “A Gata de Vison” de sua autoria e Carlos Alberto com Glória Menezes foram escalados para “Passo dos Ventos” de Janete Clair. Foi um fracasso retumbante: A Gata se passava na Chicago da década de 1920 e Passo transcorria nas Antilhas do século XIX. Após a experiência mal sucedida, Tarcísio e Glória voltaram em “Rosa Rebelde” e Carlos Alberto e Yoná em “A Ponte dos Suspiros”, em 1969.

“Desaparecimento das profissões”

Um modelo da faculdade de Oxford foi adaptado por pesquisadores brasileiros que chegaram a uma alarmante conclusão: mais da metade das ocupações que existem hoje irão desaparecer em duas décadas (58,1%). E já é perceptível quantas deixaram de existir: o mundo do progresso e da tecnologia está deixando cada vez mais em segundo plano a força de trabalho humano. Muitas profissões perdem a utilidade por conta da tecnologia, ou são extintas pelo aumento da acessibilidade para alguns serviços (é o caso dos amoladores de faca, engraxates, leiteiros, datilógrafos, telefonistas), outros por substituição de produtos físicos por acesso digital (e lá se foram os discos de vinil, as fitas cassete, os DVDs e até os Blue-Rays). Aplaude-se a facilidade de se conseguir música e filme com extrema agilidade, ao mesmo tempo em que se vê desaparecer um conjunto de etapas produtivas, de distribuição e vendas (extinção das locadoras, lojas de discos e música, falência de livrarias, fechamento de revistas, editoras e bancas e toda a indústria envolvida na sua produção e logística). Operadores de caixas vão sendo substituídos por máquinas de autosserviço, funcionários de banco vão sendo cada vez mais dispensáveis, as escolas à distância vão facilitando o acesso ao estudo e industrializando o ensino por aulas digitais dirigidas a centenas. Enxergamos e vislumbramos as facilidades da era digital, onde tudo está tão mais fácil e disponível na nuvem, sem perceber que cada vez mais precisamos de menos gente para operacionar tudo isto. Algumas profissões vão tendo dificuldades e tendo que dispor de muita criatividade para continuar: agentes de turismo e viagem (todo mundo se aventurando por conta própria em pacotes digitais), despachantes, lojas físicas já que hoje se compra tudo pela internet, Pode ser que a sua profissão atual seja no futuro, uma pálida lembrança como muitas hoje: lanterninhas de cinema, acendedores de poste, atores de rádio, mensageiro. Cresce a informatização, cresce o mercado informal, reduz o número de profissionais em regime CLT, e vivemos uma explosão de motoristas de aplicativos, entregadores de dispositivos de alimentos e influenciadores digitais. Os concursos públicos nunca foram tão almejados. 

Dica da Semana

Livros 

“Sambas de Enredo – História e Arte”:
Luiz Antônio Simas e Roberto Mussa. Editora Civilização Brasileira. O livro discorre sobre a história dos sambas-enredo enquanto cultura popular, esmiuçando suas letras e significados, bem como seus contextos históricos. De 1870 até a atualidade. 


 

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