Passou raspando na trave, como diz o jargão do futebol. Faltavam apenas cinco meses e, por isso, o cantor Carlos Gonzaga não completou 100 anos de vida. No último dia 25, ele foi embora deste mundo de incertezas e ilusões. Tinha 99 anos e mais sete meses. Daí o detalhe descrito acima. Ou seja: faltou pouco para completar 100 anos.
Nascido em Paraisópolis, Minas Gerais, e batizado com o nome de José Gonzaga Ferreira, o cantor morreu em Velletri, na Itália, de causas não divulgadas. Carlos Gonzaga merece o título de pioneiro do rock brasileiro.
É bem verdade que o primeiro disco de rock produzido no Brasil foi gravado por Cauby Peixoto, salvo engano em 1957. Composição de Miguel Gustavo e se chamava "Rock And Roll em Copacabana". Também é verdade que Nora Ney gravou "Rock Around The Clock", de Bill Halley, no original. Isso mesmo: em inglês.
Isso significa que Cauby e Nora deram o pontapé inicial no que tange ao rock no Brasil, mas, depois, eles seguiram outros caminhos na música, gravando samba e samba-canção, este um bolero disfarçado. Logo depois apareceu Carlos Gonzaga. Mais tarde, despontaram Celly Campello, Tony Campello, Sérgio Murilo, Demétrius e outros.
As versões predominavam no repertório deles, ao contrário do que aconteceu depois na Jovem Guarda, onde as versões eram cada vez mais raras. No fim dos anos 50 e começo dos anos 60 do século passado, Carlos Gonzaga "engatou" dois sucessos que "explodiram" Brasil afora.
Ele gravou "Diana", de Paul Anka (sucesso mundial), e "Oh, Carol", de Neil Sedaka. Ambas as versões foram feitas por Fred Jorge, famoso por verter para o português sucessos internacionais, como, por exemplo, "Estúpido Cupido", de Sedaka, e "Banho de Lua", um rock italiano, gravados magistralmente pela graciosa Celly Campello.
Carlos Gonzaga prosseguiu em sua cavalgada de sucessos, um atrás do outro. Quem não se lembra de "Bat Masterson?" Quem tem mais de 60 Natais no lombo certamente se lembra, como também se lembra de "Cavaleiros do Céu". Duas versões, claro. Ele está bem de gogó nessas canções. Gonzaga também gravou "Eu Canto Assim", música country, que vale a pena conhecer ou ouvir de novo.
Seu repertório é vasto e convém lembrar que ele também foi um cantor de sambas e boleros, antes de se firmar no rock. Antes de partir para a Itália, Carlos Gonzaga morava com a família em Santo André, a bela cidade do ABC paulista. Soube que era Testemunha de Jeová e que usava um "fortificante" feito com fígado bovino. Ele batia o fígado no liquidificador e tomava. Vai ver é por isso que viveu quase um século.
DROPS
Quem casa quer casa ou casarão.
Urgente: Zé Lensky e Zé Bidê podem seguir carreira solo. Zé Bidê reclama que o colega é exigente demais.
Calma que o Brasil é nosso. Será?
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