"Clube do Capitão Aza"

DignaIdade

COLUNA - DignaIdade

Data 12/09/2023
Horário 07:30

Wilson Viana (1928-2003) foi um ator, apresentador e policial civil que ficou famoso com as crianças das décadas de 1960-70, com o personagem Capitão Aza. De 1968 a 1979, o “Clube do Capitão Aza” era um líder de audiência pela TV Tupi. Mesclando desenhos (Speed Racer, Super-herois Marvel, Brasinhas do Espaço), séries (Feiticeira, Jeannie é um Gênio) com questões educativas de civismo, educação e respeito aos mais velhos. Havia também o quadro Minichance com revelação de talentos infantis. O Capitão Aza era uma homenagem da Força Expedicionária Brasileira Capitão Azambuja e fez tanto sucesso que chegou a ter gibi próprio na Editora Cruzeiro e depois houve a criação do Clubinho do Capitão Aza nos diversos gibis de heróis da Editora Bloch para os leitores mirins. Diariamente, o programa começava com a fala do Capitão: Alô, alô Sumaré! Alô, alô Embratel! Alô, alô Intelsat 4! Alô, alô criançada do meu Brasil!, aqui quem fala é o Capitão Aza, comandante-chefe das forças armadas infantis deste Brasil. 
    
“Gerações que querem passar o mundo a limpo”

A juventude é uma época de efervescência comportamental com descobertas, transformações e criações de espíritos questionadores. Naturalmente, as novas gerações impulsionam mudanças, redefinem valores e não aceitam passivamente comportamentos e atitudes de gerações anteriores que vêm de épocas que não lhe são pertencentes. O coroa ultrapassado de hoje já foi o jovem revolucionário e vanguardista de décadas atrás: ciclos de vida que se repetem. E com isto vivemos um paradoxo comportamental atual: jovens que têm um olhar mais abrangente de aceitação quanto às diferenças, a necessidade de inclusão dos diversos na igualdade de direitos e deveres e uma evidente contestação de estereótipos e preconceitos; mas por outro lado, com um poder cancelador intenso de tudo que foge ao politicamente correto. Natural que obras artísticas, de cinema e TV reflitam os anseios deste novo e exigente público, com um policiamento em atender às demandas inclusivas. O grande problema é justamente o julgamento de obras do passado que foram criadas em outros momentos históricos que refletiam costumes sociais da época. Muitos deles não representam os ideais de hoje, mas é de uma ignorância ímpar, o cancelamento ou neutralização da importância de escritores, artistas ou roteiros que soam hoje como racistas, não inclusivos ou eticamente incorretos. Uma geração de braços cruzados, que parece estar apta a uma análise crítica corrosiva sobre a história da literatura, do teatro, do cinema como se tivessem o dever de penalizar o passado que ousou ser tão absurdamente diferente do presente. Isto se reflete com muita evidência em remake de obras antigas que se preocupam mais em atualizar e atender às demandas obrigatórias de agora do que contar boas histórias novamente.

Dica da Semana

Livros

“Mussum Forevis - Samba, Mé e Trapalhões”:
Autor: Juliana Barreto. Editora Vozes. A história de Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum, com todas as suas facetas, de sambista dos Originais do Samba a torcedor fanático da Mangueira, de humorista adorado pelo povo nos Trapalhões, passando pela criação de bordões como forévis, cacildis, mé entre outros.


 

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