Um pequeno grande filme que se tornou uma das obras-primas do cinema: “Consciências Mortas” (“The Ox-Bow Inccident”), de 1943. Lançado há quase 80 anos, este western extrapola as questões do Velho Oeste americano e incursa em um tema belicoso: um manifesto contra a pena de morte. Dirigida por William A. Wellman, a história conta acontecimentos de um pequeno vilarejo onde se espalha a notícia de que um fazendeiro é roubado e assassinado por um bando de ladrões. Um grupo, na ausência do xerife, resolve partir em busca dos responsáveis e fazer justiça com as próprias mãos. Ao se depararem com um trio de forasteiros (liderados pelo ator Dana Andrews), os acusam do roubo e mesmo com as negativas dos acusados querem partir para o linchamento. A turba enfurecida acaba por enforcar os três acusados, momentos antes de o xerife chegar com a informação de que o fazendeiro estava vivo e os ladrões já tinham sido capturados. Um filme melancólico, mas contundente que emociona quando o mocinho (Henry Fonda) lê uma carta encontrada no bolso do enforcado, destinada à sua mulher e dois filhos. Pra refletir.
“Não seja esponja”
O envelhecimento traz maturidade e serenidade em vários aspectos, mas não é uma regra absoluta. Vai se adquirindo uma progressiva intolerância a engolir os sapos da vida, algumas vezes esbravejando contra os motivos, e outras, dando de ombro para eles. Contudo, há muita gente que continua absorvendo, cada vez mais, a influência externa e se contaminando com as energias negativas. Vai se criando um eterno lamentar, um resmungar crônico, motivado por mágoas, ressentimentos ou por pequenas intolerâncias que se acumulam. Nem tudo é sobre si, mas há um contínuo vestir de carapuças, ou enxergar como tudo sendo uma ofensa pessoal. Brigas, conflitos, frases ditas, experiências vividas vão descendo goela abaixo, gerando silêncios internos ou gritos externos, mas ambos provocadores de dor e revolta. Uma notícia triste de telejornal, um acontecimento político, uma opinião religiosa... tudo se torna motivo de muita angústia e sofrimento. As esponjas interiores absorvem e acumulam tais indignações gerando impactos físicos e emocionais na pessoa idosa. Não se deixa escoar pelo ralo, e sim colocamos tampas para armazenar. Uma hora a pia transborda. Não há resiliência na indignação guardada, é preciso redirecionar esse fluxo de maus sentimentos: saber quando é a hora de ligar o botão de “tô nem aí”. Tem coisa que se engole a seco, tem outras que deviam ser bumerangues que nos batem, mas voltam para a origem, e outras que deveríamos deixar secar a água que nos molhou. É difícil saber diferenciá-las, mas não é possível colocar tudo no mesmo grau de inconformismo. Temos que aprender a se perguntar: isso vai modificar a minha vida? Eu posso modificar esse motivo? Eu preciso modificar isso? Isto me diz respeito? Temos tantas causas individuais que não dá para ficar se inflamando com todos os motivos que surgem: isto não é deixar de ser empático, e sim evitar lutar contra moinhos de vento.
Dica da Semana
DVD / Filmes
“Fúria” (1936):
Clássico absoluto do cinema que foi a primeira película do diretor alemão Fritz Lang nos Estados Unidos. Com Spencer Tracy, Sylvia Sidney. Pioneiro em lidar com o assunto pena de morte, conta a história de um homem que é confundido com um sequestrador de crianças e é preso. A população enfurecida põe fogo na cadeia, ele é dado como morto, mas conseguiu escapar. Resolve então se vingar, arquitetando para condenar os responsáveis e, na verdade, se tornando cruel como seus próprios acusadores.