O fator central de uma educação de qualidade são os professores. Não existe educação de qualidade sem professores de qualidade. António Nóvoa, pesquisador português que é um dos pensadores mais respeitados do mundo na área da educação, afirma que muitas vezes se buscou em outros fatores, como a tecnologia, a gestão e o currículo, a melhoria da educação. E ele realça que todos esses fatores são importantes, mas que o essencial é o bom professor. Cabe aqui lembrar que António Nóvoa tem dito isso reiteradamente, inclusive quando esteve aqui, em Presidente Prudente, em 2017, onde proferiu palestra no Encontro Nacional de Ensino, Pesquisa e Extensão, na Unoeste, e também conversou longamente com professores e alunos do Programa de Pós-Graduação em Educação da Unoeste sobre pesquisa em educação.
Só é possível ter professores de qualidade se eles são valorizados. A valorização do professor abrange diversos aspectos, que se conjugam naquilo que os pesquisadores da área chamam de desenvolvimento profissional, e incluem salário digno e adequado, carreira, direitos sociais assegurados, reconhecimento social, e também oportunidades de formação continuada. A formação continuada se dá de diversas formas, todas elas importantes: tanto a formação que se dá dentro da escola, quanto a que se dá fora dela, como a pós-graduação stricto sensu, ou seja, mestrado e doutorado. Infelizmente, no momento atual no Brasil, está em curso uma clara retirada de direitos dos professores.
A desvalorização dos professores já é histórica. Paulo Freire, que é o patrono da educação do Brasil, internacionalmente reconhecido como o mais importante pensador da educação do mundo no século 20, afirmou: “Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados. Apesar de mal remunerados, com baixo prestígio social e responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho”.
Mas, embora essa desvalorização seja histórica, no momento atual, essa desvalorização atinge níveis inéditos, seja pelos ataques a professores, pela negação da liberdade de cátedra, pela restrição ao livre debate de ideias e pela retirada de direitos. Em vários Estados e municípios, direitos que fazem parte da carreira e que dão um mínimo de segurança à profissão, estão sendo retirados.
Não há dúvidas de que isso impacta não só a vida dos professores, mas também dos alunos e da comunidade escolar, e a qualidade da educação. E, ao prejudicar a qualidade da educação, prejudica o futuro do país, e atinge a todos nós. Portanto, a luta contra a desvalorização docente não diz respeito apenas aos professores, mas a todos os cidadãos. Encerro repetindo o título do artigo: Defendamos a valorização docente!
