"Dona Xepa"

DignaIdade

COLUNA - DignaIdade

Data 22/11/2022
Horário 07:00

A novela de maior audiência do horário das 18h da Rede Globo na década de 70 foi “Dona Xepa”, de autoria de Gilberto Braga. Após o êxito de “Escrava Isaura”, ele voltava ao ar no mesmo ano, 1977, para mais um grande sucesso do horário, baseado na peça teatral de Pedro Bloch e estrelado por Yara Cortes. Dona Xepa era uma feirante humilde, sem papas na língua, orgulhosa dos filhos Rosália (Nívea Maria) e Edson (Reynaldo Gonzaga) que se matava de trabalhar para dar estudos e chances de um futuro melhor. Como recompensa, recebia o desprezo e vergonha por seu jeito simplório e nada refinado. 
Rosália era arrivista e queria se infiltrar na alta sociedade através de um casamento com um moço rico (Rubens de Falco). A trama trazia ainda nomes como Ângela Leal, Edwin Luisi, Cláudio Cavalcanti, Fátima Freire, Dionísio Azevedo e João Paulo Adour. A abertura mostrava uma balança de feira com diversos legumes ao som de Ruy Maurity: “Final de feira, legumes baratos, moleques mulatos enrolam nos trapos, o que o dia a dia deixou pelo chão”. 
    
“E de repente não tem mais”

A vida passa tão depressa e o mundo se transforma tanto que a gente pode às vezes não perceber como tudo vai se transformando e desaparecendo. Tantas coisas não existem mais e, com certeza, outras que ainda existem vão ficando desimportantes com a ação do tempo. Cada um tem uma lista pessoal de pequenas saudades que foram sumindo: ninguém mais engraxa o sapato! Que saudades do tilintar das teclas das máquinas de datilografia Remington, do cheiro do papel molhado que saía do mimeógrafo (o próprio xerox já está dando seu “au revoir”), dos cigarrinhos de chocolate da marca Pan com um garotinho negro na estampa da caixinha, das antigas bancas de gibis na feira, de comprar papel almaço na venda da esquina para levar para a escola para fazer prova, de comprar arroz a granel vendido no saco de estopa de 60 kg, de mandar e receber cartinha embebida no perfume, de passar debaixo da catraca do ônibus para não pagar, de pegar carrapicho ou bicho de pé por andar descalço! De fazer um corte de cabelo da moda e hoje rir envergonhado da breguice de outrora (com penteados Pigmalião, de cabelo ventania estilo “As Panteras”, ou de uma simples tijelinha cortada em casa pela mãe). De pesquisar no dicionário Aurélio ou na Enciclopédia Barsa ou fazer trabalhos com recortes de jornal ou revista e até de tomar injeção em seringa de vidro no farmacêutico do bairro. De comprar cartão postal ou um cartão de Natal dos Correios para mostrar que se lembrava de alguém, de passar horas nas lojas de discos olhando as capas e de voltar a pé da escola mesmo morando a quilômetros de distância. Cadê as boias de câmera de pneu para se nadar nos córregos e represas e onde foram parar os bailinhos de fundo de quintal com direito a vitrola ou sonata e música lenta? Saudosismo? Talvez sim. Toda geração tem suas saudades, as novas gerações estão vivendo hoje suas saudades futuras. 

Dica da Semana

Televisão 

“Masterchef +”: 
O programa “Masterchef Brasil” da Band está exibindo sua nova temporada com cozinheiros amadores de 60 a 80 anos de idade. Apresentado por Ana Paula Padrão e tendo como jurados Érick Jacquin, Henrique Fogaça e Helena Rizo, agora conta com participantes da terceira idade que mostram seus talentos culinários em uma nova temporada bastante divertida. Às terças-feiras, às 22h, na Bandeirantes. 
 

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