“Dor à dorê”

É Natal! Tem panetone, Papai Noel, presentes e ceia. Tem também peru, tender, provolone, peixe à dorê e “dor à dorê”. Ficamos mais sensíveis do que o habitual? E o que acontece? Tudo. Ficamos felizes e infelizes, alegres e tristes, depressivos e eufóricos, gratos e frustrados, enfim, a ambivalência invade. Desamparo e carência afetiva emergem transbordando. São as lembranças que reverberam como: perdas de pessoas muito queridas, rompimentos de relações, conflitos entre famílias e no trabalho e idealizações. Impressões sinalizando que o “do outro” é melhor e perfeito, e o nosso, o pior. 
E o que fazer com tanta dor que invade a alma nesse momento? Muitas vezes colocamos nossos problemas e conflitos no modo à dorê. Passamos na “farinha de rosca e no ovo”. Durante todo o ano, vivemos e experienciamos situações muito difíceis e outras gratificantes, sem dúvidas. Há muitas formas de enfrentar a realidade quando a experiência é dolorosa. Passar a dor no “modo à dorê” não é a melhor escolha. Será um desastre. 
É importante dividir, expressar e compartilhar a dor. No período de festas de final de ano, tudo aquilo que não foi “digerido” durante todo o ano será regurgitado ou evacuado de alguma forma. Devemos destrinchar o conflito, esgotar as possibilidades e ter crença em novos desdobramentos que, pacientemente, poderão surgir. Devemos quebrar paradigmas, re-significar dogmas e re-inventar sempre. 
Há dores que são violentas, como a morte de um ente querido, por exemplo. Confesso que desconheço no dicionário, uma palavra que possa definir tal dor. Posso definir os mecanismos de defesa, em que as pessoas utilizam para negar dor ou lidar com ela. Negação, racionalização, formação reativa, regressão, intelectualização, etc., são alguns. 
Recomendo que somos humanos e precisamos viver em harmonia. Sozinhos, olhando para o próprio umbigo, configura em narcisismo, um caminho estéril. Expresse suas emoções. Busque ajuda de especialistas para compartilhar sua dor. Busque alguém para encostar o ombro. Dor à “dorê” só prolongará o sofrimento. Rompa as barreiras. Perdoe, ame, abrace, beije, presenteie, elogie e deixe o rancor de lado. Um forte abraço bem apertadinho em cada um de vocês, leitores queridos!! Feliz Natal!


 

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