"Johnny Guitar"

DignaIdade

COLUNA - DignaIdade

Data 29/11/2022
Horário 06:00

O gênero cinematográfico western (o popular faroeste) produziu obras primas do cinema hollywoodiano clássico. “Johnny Guitar” de 1954 é considerado hoje um dos melhores de todos os tempos, embora em sua época tivesse recebido pouco aplauso popular. Dirigido por Nicholay Ray tem um grande diferencial em sua temática: são as mulheres que fazem o embate desta vez. A estrela Joan Crawford interpreta Vienna, uma bela dona de saloon que vive sendo ameaçada por fazendeiros que desejam se apossar de suas terras. O irmão de sua inimiga Emma (Mercedes McCambridge) é morto, o que aumenta a rivalidade entre ambas. Para auxiliá-la na guerrilha, Vienna contrata o pistoleiro cantor Johnny Guitar (Sterling Hayden). Contudo, o grande momento será o duelo entre as damas, que será inusitado e mortal. Crawford, famosa por seus papeis de malvadas e mulheres altivas, desfila aqui com um belo coldre na cintura, pronta para atirar. 
    
“A pobreza de um país sem memória”

A memória artística e cultural de um povo é de grande valor histórico e sociológico. Grandes compositores, pintores e escultores de diferentes momentos representaram a expressão artística de suas épocas, e suas obras, além da excelência máxima, expressam a cultura de séculos de diferentes costumes e valores. O imediatismo e a celebrização da obviedade parece estar num ápice na era digital em que a fama está ao alcance de todos, embora o talento passe longe. Nosso país tritura e esmaga seus ídolos com muita rapidez, de forma que muitos expoentes de ontem, já sofram o ostracismo do hoje, em que as novas gerações só valorizam o que é de agora, como se o mundo tivesse sido criado a partir das suas próprias existências. Contudo, essa pouca valorização do passado não é apenas um fenômeno popular, pois está intrínseca na própria má preservação dos produtos nacionais. O cinema americano tem praticamente toda a sua produção falada preservada (a partir de 1927), e grande parte do cinema mudo também está garantido para os arquivos do futuro. Nosso país não apenas começou tardiamente sua produção cinematográfica e televisiva, como pouco se preocupou com o que era produzido em décadas anteriores. Programas de televisão americanos da década de 1950 foram preservados, enquanto que a maior parte da produção brasileira antes da década de 1980 sequer existe. Alguns fatores contribuíram para isto: a-) a televisão brasileira até os anos 60 era praticamente ao vivo, sem existência de videoteipe ou cópia desta produção; b-) a grande maioria das emissoras sofreu incêndios totais (como a própria Globo em 1971 e 1976, a Excelsior, a Record, a Bandeirantes), consumindo tudo o que foi produzido antes disto; c-) o que não foi destruído pelo fogo, foi apagado pelo simples hábito de reaproveitar as fitas, gravando novos programas em cima dos antigos, sem preocupação de preservar; d-) grande parte do que foi preservado, hoje se deteriora nos porões úmidos de departamentos e almoxarifados obsoletos (como a produção da TV Tupi hoje na cinemateca brasileira, e a própria Bandeirantes que não digitalizou seu material). Filmes norte-americanos da década de 1930, como “O Mágico de Oz” e “E o Vento Levou”, podem ser exibidos hoje como se tivessem sido produzidos recentemente, enquanto assistimos trechos da televisão brasileira da década de 1980 às custas de fitas caseiras de videocassete cheias de chiados. Pena. 

Dica da Semana

Teatro

"A Vida Não é Justa"
Para quem tiver oportunidade de ir para São Paulo, estreou recentemente esta adaptação de Delson Antunes, estrelada por dois grandes atores: Emiliano Queiróz, 86 anos, e Léa Garcia, 89 anos, com direção de Tonico Pereira, 74 anos. Os atores brincam de estarem comemorando juntos 140 anos de carreira e brindam o público em oito cenas de temas como divórcio e adultério. No Sesc Santana. 
 

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