Última cirurgia de siamesas de Piquerobi é adiada após apresentarem suspeita de dengue

Separação completa de Allana e Mariah estava prevista para ocorrer neste sábado; nova data será definida depois do restabelecimento total da saúde das meninas

REGIÃO - DA REDAÇÃO

Data 28/07/2023
Horário 18:01
Foto: Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto
Na quinta, meninas passaram por exames para verificação das condições cerebrais antes de cirurgia
Na quinta, meninas passaram por exames para verificação das condições cerebrais antes de cirurgia

A cirurgia final de separação das gêmeas siamesas de Piquerobi, Allana e Mariah, que estava prevista para este sábado, precisou ser adiada porque as meninas apresentaram estado febril, informou o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto (SP).

Segundo a instituição, no momento, a equipe médica aguarda confirmação laboratorial da suspeita de dengue. "Allana e Mariah estão bem, alimentando-se, conversando e brincando", ressalta o hospital. "A nova data da cirurgia não foi definida e deve ocorrer após o restabelecimento total da saúde das meninas", completa.

Nessa quinta-feira, as irmãs siamesas foram internadas e submetidas a exames de ressonância magnética e tomografia, necessários para que os neurocirurgiões verifiquem as condições cerebrais para a cirurgia.

Elas também passaram pela expansão final das bolsas instaladas sob a pele das cabeças, que promovem ganho de pele para a cobertura craniana que será feita após a cirurgia de separação. Com esse procedimento, as bolsas atingiram volume de 530 ml e 670 ml cada.

Histórico de intervenções

Até o momento, as irmãs passaram por três cirurgias. A última ocorreu em março deste ano, com duração de sete horas. A segunda havia sido em novembro do ano passado, com duração de nove horas, enquanto a primeira foi realizada em agosto do mesmo ano, com duração de 9h30.

A técnica utilizada foi desenvolvida e aprimorada pelo médico norte-americano James Goodrich. “Até os anos 1990, a cirurgia era realizada em só uma oportunidade. Com isso, os cirurgiões passavam de 24 até 36 horas no centro cirúrgico e os resultados não eram efetivos, já que fazer a separação de toda a circulação que se comunica parcialmente em uma única vez trazia um sério comprometimento cerebral para as crianças e poucas sobreviviam”, explica o chefe do setor de Neurocirurgia Pediátrica, Hélio Rubens Machado. “Assim, ele [Goodrich] desenvolveu a técnica chamada de estagiada: são quatro etapas como se fossem os pontos cardeais, completando todo o perímetro”, completa.

A equipe multidisciplinar acompanha as meninas desde 2021, quando ainda estavam na barriga da mãe.

Foto: Cedida - Allana e Mariah com os pais

Incidência rara

A incidência de gêmeos unidos pela cabeça é extremamente rara, representando um caso em cada 2,5 milhões de nascimentos.  

No Brasil, a primeira separação de siamesas craniópagas, as gêmeas Maria Ysadora e Maria Ysabelle, ocorreu em outubro de 2018 – após cinco procedimentos cirúrgicos – pela equipe do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. O caso foi acompanhado pelo próprio médico James Goodrich, referência internacional em intervenções com gêmeos siameses e que faleceu por Covid-19 em 2020. 

Publicidade

Veja também