Em 1976, após 11 anos na Rede Globo, Sílvio Santos não renovou seu contrato e deixou a emissora para lançar seu próprio canal, a TVS. O último programa foi exibido em 25 de julho e para tapar essa lacuna, um dos programas escolhidos para preencher os horários do domingo foi “Moacyr TV”. O programa tinha como foco a descoberta de novos talentos da seguinte forma: eram exibidas algumas cenas de novelas e candidatos a ator pré-selecionados precisavam reproduzi-las no palco. A cada edição, três concorrentes eram avaliados por um júri e no final, concorriam a um contrato com a Rede Globo. O programa era co-apresentado pela atriz Pepita Rodrigues e revelou talentos como Myrian Rios, Sílvia Salgado, Ísis Koschdosky, Cristina Mullins e Thaís de Andrade. O programa também recebia atrações musicais e se estendeu até 1977, quando saiu do ar.
Vozes negras pioneiras
O termo “vozes negras” se refere a um amplo termo relacionado às manifestações culturais, literárias e artísticas protagonizadas pela população negra, dando visibilidade e importância às suas histórias. No entanto, aqui, o termo “vozes negras” se refere ao valor musical de diversos artistas negros que pontuaram a música popular brasileira ao longo da sua história e da importância de suas vozes, carreiras e impacto na música. Eduardo das Neves foi o primeiro artista negro a gravar um disco no Brasil no início dos anos 1900 e ficou conhecido como o Rei do Lundu. A grande Clementina de Jesus marcou o país com suas músicas folclóricas que fizeram uma ponte entre a música contemporânea de sua época com os terreiros de candomblé. Elza Soares, considerada uma das maiores vozes da MPB, passou por diversos gêneros, marcando com seu cântico defensor de sua raça e em favor do feminismo. No samba, as vozes negras foram sempre protagonistas, misturando com a própria história do samba e das escolas do Rio de Janeiro, como Pixinguinha, um dos pais do samba e do choro, Dona Ivone Lara, a mais antiga compositora de samba, Mestre Cartola, fundador da Mangueira, passando por Noite Ilustrada, Blecaute, Jamelão, Zé Kéti, Neguinho da Beija Flor, Jorginho do Império, Roberto Ribeiro, Agepê, Martinho da Vila, Lecy Brandão, dentre outros inúmeros nomes. A maranhense Alcione, a Marrom, de sambista, se tornou um dos maiores nomes da MPB, assim como Jorge Ben Jor, Tim Maia, Emílio Santiago e o subestimado Wilson Simonal. A música regionalista também se apoiou na cultura como Mestre Bimba, um dos criadores da capoeira, o Rei do Baião Luiz Gonzaga, e o paraibano inigualável Jackson do Pandeiro. Nos anos 1980, novos nomes deram força ao samba como Zeca Pagodinho, Almir Guineto e Jovelina Pérola Negra, assim como a banda Raça Negra que originaram o movimento do pagode na década seguinte, com inúmeros expoentes da raça negra.
Dica da Semana
Streaming
“Dona Xepa” na Globoplay:
Estreia neste mês, na plataforma Globoplay, a clássica novela de Gilberto Braga baseada em obra de Pedro Bloch, que conta a história da feirante Xepa (Yara Côrtes), que dá duro para criar os filhos e recebe o desprezo da ingrata filha Rosália (Nívea Maria). No elenco, vários nomes importantes já falecidos, como Rubens de Falco, Dionísio Azevedo, Zeni Pereira, Ida Gomes, Ênio Santos e João Paulo Adour.