A Escola de Comunicação e Estratégias Digitais completa em 2025, 30 anos, tendo formado durante este período 2.152 alunos dos cursos de Jornalismo, Publicidade e Marketing. Como parte dos eventos em comemoração à data, a escola realizou no dia 10, no campus 2 da Unoeste, o 1º Encontro de Mulheres da Comunicação. O objetivo do evento, gratuito e aberto ao público, foi ouvir as mulheres que atuam no mercado de trabalho do oeste paulista e compreender seus anseios e os desafios enfrentados por essas profissionais.
É inegável a presença da mulher na comunicação. No jornalismo, por exemplo, segundo dados da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), divulgados em 2024, apesar de serem maioria no jornalismo brasileiro (57,8%), as mulheres ainda representam apenas 23% das posições de liderança nos principais meios de comunicação do país. Ter um espaço para refletir sobre esse papel, especialmente no contexto local e regional, e debater o que ainda pode ser conquistado, é essencial.
A Escola de Comunicação tem contribuído por meio de trabalhos de extensão e pesquisa, tanto ao ouvir as profissionais quanto ao dar voz a muitas mulheres que sofrem caladas. Um dos exemplos mais recentes é o TCC Donas, finalista do Expocom Sudeste de 2025 na categoria Reportagem Long Form (avulso), que mostra histórias de mulheres vítimas de violência. Outro trabalho de destaque é o livro-reportagem de perfil em formato e-book, produzido em 2021, que aborda os Desafios das Mulheres nas Redações Jornalísticas do Oeste Paulista.
Podemos reconhecer avanços: hoje, ocupamos diversos cargos em redações, assessorias, agências e no marketing. Contudo, ainda há muito a ser feito, especialmente em relação à equidade salarial.
Estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística), encomendado pela Fenaj (Federação Nacional de Jornalistas), e divulgado pelo Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, revelou que, em 2021, as jornalistas brasileiras ganhavam, em média, 5,7% menos que os homens para exercer as mesmas funções, apesar de representarem 49,9% dos trabalhadores formais do setor. A pesquisa também apontou que a maioria dos profissionais era branca (47,3%), tinha entre 30 e 39 anos (35,8%) e possuía até um ano no mesmo cargo (30,5%).
No final de 2024, o sindicato criou um canal de denúncias para as jornalistas relatarem abusos, violências e assédios. Muitas mulheres ainda sofrem diferentes formas de violência física, verbal ou psicológica, tanto nas redações quanto nas ruas, especialmente diante do descrédito crescente da mídia nos últimos anos.
Em dezembro do ano passado, a CDJor (Coalizão em Defesa do Jornalismo) divulgou um relatório com o retrato dos ataques sofridos pela imprensa durante a cobertura das eleições municipais brasileiras de 2024 e mostrou que as mulheres jornalistas receberam 50,8% dos ataques registrados, apesar de representarem 45,9% dos profissionais monitorados. No Instagram, o número foi ainda maior, 68,3%, enquanto no X foi de 53%. De acordo com o estudo, as críticas profissionais foram acompanhadas de insultos misóginos e comentários relacionados à aparência. Esse cenário deixa claro que ainda há muito a ser conquistado.
O 1º Encontro de Mulheres da Comunicação surge como um passo importante para reconhecer, valorizar e fortalecer a presença feminina na área. Que este seja o início de uma jornada de escuta, transformação e ação concreta.