É sobre ser professor (a)

OPINIÃO - Paula Carneiro

Data 14/10/2025
Horário 05:00

Caro leitor, o artigo de hoje é sobre ser professor (a), portanto estar em construção tem muito a ver com essa profissão, onde cada dia é um desafio constante de aprender para se construir. E mais especificamente ser professor (a) de educação infantil exige uma constante (re) construção.
Na educação infantil, a maior preocupação do professor é de como promover de fato o protagonismo da criança em contextos muitas vezes de rotinas engessadas e excesso de controles. Educar, nessa faixa etária, significa, portanto, organizar as situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens no cotidiano escolar para dar oportunidade de conhecer as múltiplas linguagens e ampliar a realidade social e cultural das crianças.
Para tanto, momentos de brincadeiras possibilitam o acesso a essas múltiplas linguagens onde se observa o grupo durante a rotina escolar desde conversas informais até as brincadeiras de interesse da criança. Tudo isso, partindo do pressuposto que ela aprende com a interação com o seu ambiente e de alguma forma ressignifica o seu relacionamento com o mundo do adulto, do meio e da própria criança.
Assim, o professor da educação infantil além de ouvi-la descobre como ela pensa, como faz suas escolhas, como se relacionam, quais suas brincadeiras e experiências preferidas. Pela escuta atenta ele pode acompanhar o seu processo de aprendizagem e pensar em diferentes formas de agir, ajudando-as no seu percurso formativo. Os professores são “promotores de diferentes níveis de conhecimento, que resultam nas interações de natureza educativa, pedagógica e lúdica.” (BUCHWITZ, 2016, p. 41)
A interlocução entre ambos acontece o tempo todo, mas com mais olhar acontece nos momentos das rodas de conversa, onde cada aluno expõe suas ideias ou aquilo que vivenciou em outro lugar e gostaria de contar para os colegas. O professor que é ouvinte percebe cenas potentes de aprendizagem, garantindo-lhe a apropriação da sua fala, valorizando e despertando suas necessidades e desejos no contexto infantil.
Paulo Freire (1996), em “Pedagogia da autonomia”, quando afirma que ensinar exige saber escutar, sabe que a aprendizagem se tornará mais prazerosa se parar para escutar os alunos, se deixar um tempo para que falem. Assim como Friedmann (2020) quando salienta que as formas de escutar estão intimamente associadas à possibilidade que o professor atribui para tempos e espaços expressivos: espaço para brincar livre, expressão plástica, oralidade, escrita, desenho, teatro, música, dança, leitura e até silêncios.
Por isso, trabalhar na educação infantil é permitir que a criança participe de um ambiente em que ela seja convidada, provocada e respeitada em sua essência, com tempo e espaço para ser escutada de verdade. 
Sendo assim, ser professor de educação infantil exige uma profunda consciência de mundo, mudanças de paradigmas e superações, avanços e construção de um caminho que potencialize a infância e respeite as crianças desde a mais tenra idade.
Que cada professor possa, a seu modo, cultivar essa escuta em sua prática, permitindo que as crianças deixem marcas, transformem rotinas e ensinem aos adultos novas formas de olhar, de sentir e de existir no mundo.
Parabéns professores pelo seu dia!!!!
 

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