Um grupo de 184 motociclistas promoveu, na tarde de domingo, um protesto contra o aumento do valor dos pedágios na região, elevado em 9,32%, no dia 30 de junho, em todo o corredor da Rodovia Raposo Tavares (SP-270). A contagem oficiosa do número de participantes foi divulgada pelo organizador da ação, Alberto Petrillo. Segundo ele, manifestantes de Presidente Prudente, Presidente Bernardes, Presidente Venceslau, Santo Anastácio, Regente Feijó e Anhumas se encontraram, por volta das 14h, no Parque do Povo, e seguiram para a praça de pedágio de Bernardes, onde ocuparam todas as cancelas e pagaram a taxa com notas altas de R$ 50 e R$ 100 a fim de dificultar o troco. Apesar de desacelerar o fluxo do trânsito, Alberto garante que não houve interrupção. "Este foi um manifesto ordeiro e contamos com o apoio da Polícia Militar Rodoviária", enfatiza.
No protesto, motociclistas pediram suspensão das novas tarifas
Durante o ato, os motociclistas colheram mais de 250 assinaturas que irão compor um abaixo-assinado ao MPE (Ministério Público Estadual), com o propósito de pedir revisão dos valores, que passaram de R$ 3,75 para R$ 4,10. "Queremos alertar a população sobre os preços abusivos e pedir a investigação do MPE para diagnosticar se os custos de manutenção de vias correspondem ao reajuste, visto que esta é a justificativa alegada para as alterações nos valores", esclarece. A formalização do pedido solicita que a correção seja suspensa enquanto o processo de apuração decorre. "O aumento prejudica muito o transporte de mercadorias, já que empresas de logística vão se sentir desmotivadas a pagar um pedágio mais caro do que o preço do litro do combustível, ainda mais em estradas que se encontram em péssimo estado de conservação", complementa.
Procurada pela reportagem, a Cart (Concessionária Auto Raposo Tavares) informou, em nota, que o reajuste aplicado nas tarifas de pedágio foi autorizado pela Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo), conforme previsto no contrato de concessão. Sobre o manifesto, a concessionária comunicou que houve lentidão no tráfego em alguns momentos, porém, sem interrupções no fluxo de veículos e prejuízo para os demais usuários da rodovia.
"A Cart, em parceria com a Polícia Militar Rodoviária, trabalhou para garantir a segurança e trafegabilidade dos usuários, manifestantes e colaboradores", expõe a empresa. A concessionária acrescenta que respeita o direito constitucional de manifestação, desde que este não infrinja outros direitos também constitucionalmente garantidos.
Outro posicionamento
Também consultada, a Artesp esclareceu, em nota, que a nova tarifa dos pedágios é o recurso que viabiliza a operação, manutenção e as obras de ampliação das rodovias, sendo que entre 2011 e 2015, foram investidos R$ 2,2 bilhões nas rodovias sob concessão da Cart na região de Prudente. "Entre as obras realizadas, estão a duplicação de 103 quilômetros da Rodovia Raposo Tavares entre Maracaí e Presidente Epitácio, passando por Presidente Bernardes com a construção de 22 novos dispositivos de acesso e retorno e a modernização de outros 39", elenca.
De acordo com a agência, as obras foram possíveis com a receita dos pedágios, que tornaram a Raposo Tavares uma rodovia "totalmente nova" no trecho da região e mais segura para os motociclistas e demais usuários da via. "Em 2015, a redução de acidentes foi de 17,66% em relação ao ano anterior na malha sob concessão da Cart", ressalta.
A agência ainda frisa que o governo do Estado de São Paulo também adotou algumas medidas que já baixaram efetivamente as tarifas de pedágio. "Em 2013, não foi repassado para os motoristas o aumento que seria de 6,5%. No ano seguinte, em um esforço na adoção de medidas compensatórias para não onerar os usuários, o reajuste médio autorizado foi abaixo da inflação. Com essas medidas, a praça de Presidente Bernardes, por exemplo, ficou 7% mais barata", exemplifica. "Lembrando ainda que os motociclistas pagam metade do valor da tarifa de pedágio dos veículos de passeio", pontua.
