1º de maio deve receber próxima manifestação

No entanto, para Adolfo Padilha, que também integra o movimento que lidera os protestos, o encontro “atingiu as expectativas". “Se apenas uma pessoa viesse já valeria a pena", menciona.

PRUDENTE - Mariane Gaspareto

Data 14/04/2015
Horário 09:07
 

Após reunir 2 mil pessoas na manifestação conduzida pelo "Vem Pra Rua" de Presidente Prudente e região, a expectativa é de que o próximo protesto ocorra no dia 1º de maio, conforme Daniele Thaís Silva, que integra a organização do movimento e garante que diversos manifestos serão promovidos em 2015. No entanto, ainda é preciso aguardar a definição da data pelo movimento nacional. A manifestação, realizada no domingo, teve início às 9h no Parque do Povo, defronte ao Colégio Esquema Único Educacional – Poliedro e contou com uma passeata às 10h30, encerrando-se com o canto do Hino Nacional, por volta das 11h.

Apesar de contar com o maior número de manifestantes no interior (exceto capitais), segundo a página oficial do "Vem pra Rua" no Facebook, o encontro contou com menos participantes do que o registrado no primeiro protesto realizado neste ano, no dia 15 de março, quando 5 mil prudentinos se reuniram no mesmo local, conforme estimativa da PM (Polícia Militar). No entanto, para Adolfo Padilha, que também integra o movimento que lidera os protestos, o encontro "atingiu as expectativas". "Se apenas uma pessoa viesse já valeria a pena", menciona.

Padilha acrescenta que o "Vem pra Rua" não conta com patrocínio para organizar os protestos ou adquirir a estrutura de palco e microfonia, por exemplo. "Mesmo assim, nós, bem como todos aqui, viemos porque estamos indignados com a situação deste país, para mostrar para o povo brasileiro que ele tem obrigação de cobrar respeito de seus governantes e lutar conta a corrupção", pontua.

No palco, os organizadores salientaram o caráter apartidário do manifesto e cederam o microfone para representantes de diversos segmentos da sociedade. Um deles foi o engenheiro químico, Enio Fernando Cancian Júnior, 28, que está desempregado e trouxe atenção para o aumento na perda de postos de trabalho por conta da recessão econômica. "O fato de o governo ter deixado de investir na indústria nos últimos anos contribui muito para esse fator, além dos encargos trabalhistas, que são muito altos. Para piorar, o consumo diminuiu, o que causou queda na produção e empresas tiveram que cortar empregos por conta dessa crise na economia", lamentou.

 

Clamor


A pauta de reivindicações da massa verde e amarela também apresentou uma "mudança de tom" entre a primeira manifestação, de 15 de março, e a deste domingo. A luta contra a corrupção se mantém como a principal motivação da presença de grande parte dos manifestantes, mas o maior clamor do mês passado, referente ao impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), apesar de seguir presente no dia 12 em faixas e camisetas com os dizeres "Fora Dilma", deu espaço para pedidos de reforma política.

"Impeachment não é uma solução para o problema em que nos encontramos, pois a presidente não governa sozinha. Muita gente contribui para esquemas de lavagem de dinheiro público, então, precisamos de uma reforma política no sentido de investigar com mais eficiência a corrupção, além da escolha de pessoas mais competentes para assumir as pastas do governo", expõe o professor Ricardo de Moraes, 37. Apesar de não acreditar em uma "solução milagrosa" para a situação nacional, por meio dos protestos, o docente acredita que os encontros são a forma encontrada pelos brasileiros de demonstrar sua insatisfação.

A enfermeira Dayane Guimarães, 37, já participou do movimento caras-pintadas, que pediu o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello nos anos 90, mas desacredita no impedimento da presidente Dilma. "Não adianta em nada assumir o Temer ou o Cunha ", explica. No entanto, protesta porque acredita ser "imprescindível que o brasileiro tenha noção do poder que tem ao escolher não ficar calado ou apático".

Por sua vez, a artesã Rosangela Silva, 59, que já havia marcado presença no dia 15 de março, só levou seus netos ao manifesto deste domingo. "Inicialmente eu tinha medo de tumulto, briga ou algo perigoso, mas descobri que o movimento é cheio de famílias e muito bonito, então, trouxe meus netos para ensinar um pouco de cidadania e da importância de ter voz", afirma. Ela foi acompanhada também de um grupo de amigos, entre eles, a paramédica Fátima de Jesus, 58, que vê benefícios em longo prazo com as manifestações. "Mostramos que as pessoas não estão submissas, e esse foi um grande passo", considera.
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