22.271 eleitores da região votaram branco ou nulo no segundo turno

Em Presidente Prudente, dos 137.457 votos, 3.628 foram brancos e 2.155 nulos

REGIÃO - DA REDAÇÃO

Data 03/11/2022
Horário 05:10
Foto: Cristina Kazumi Teranishi
Segundo turno ocorreu no domingo, dia 30
Segundo turno ocorreu no domingo, dia 30

“Me abster, deixar em branco ou anular o voto. Isso é um prejuízo muito grande para toda a coletividade. Quando se tem grande número de abstenção, de votos brancos e nulos isso vai estar interferindo na decisão e naquela sociedade que a gente está querendo construir. O momento da eleição é algo que as pessoas tinham que ter a consciência do grande significado do voto”, diz a professora Alba Lucena Fernandes Gandia, coordenadora do curso de História da Faclepp (Faculdade de Ciências, Letras e Educação de Presidente Prudente). Assim como no primeiro turno das eleições do ano de 2022, milhares de eleitores Brasil afora preferiram anular ou deixar em branco o seu voto ao invés de escolher um dos candidatos à disputa a presidência da República do Brasil. Em Presidente Prudente, dos 137.457 votos, 5.783 não foram nem para Jair Messias Bolsonaro (PL), nem para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pois 3.628 foram brancos e 2.155 nulos. No 1º turno o número de votos nulos nas 53 cidades que compõem a 10ª RA (Região Administrativa) do Estado de São Paulo chegou a 12.269 e neste 2º turno a 14.323, um aumento de 16,74%. Os votos brancos computados no 1º turno foram de 8.828 e agora 7.948, uma queda de 9,968 %.

Segundo a professora, uma das coisas mais importantes que precisa se entender é que o homem é um animal político. Isso é algo inerente da própria natureza humana, de acordo inclusive com vários pensadores. Ela cita que lá nas sociedades mais primitivas possíveis já existia a necessidade do homem decidir algumas coisas. E uma das formas para desenvolver esse caminho é a educação. “E eu afirmo isso como professora e educadora que pretendo ser até o fim da minha vida”, frisa ela.

 

DESENVOLVIMENTO PARTICIPATIVO

Quando o indivíduo deixa de votar está deixando que outros escolham por ele e isso, segundo a profissional, não pode acontecer. Ela acentua que se luta por uma democracia, então a participação através do voto é o mínimo que todos devem exigir de cada cidadão. “Por isso repito que através da educação, de todo processo é que vamos garantindo a possibilidade dessa participação da melhor forma possível. Buscar antes a história de quem é essa pessoa, o que ela fez ao longo da sua vida. Garanto que quem faz isso não anula o voto. Porque elas vão ter essas pessoas não como salvadores da Pátria, mas como alguém que de repente pode mudar o que não está bom”, destaca Alba.

 

POLÍTICA E POLITICAGEM

Alba fala sobre as diferenças entre a verdadeira política, que é uma ciência que almeja o bem maior, o bem comum, o bem de todos, independente de posição social, raça, cor ou gênero. Já a politicagem acaba retorcendo todo o conceito real da política. Ela garante que não importa quer seja lá no Congresso, na Câmara ou aonde for você vai sempre encontrar pessoas éticas, basta saber procurar referências boas.

Mas, ela reconhece que como não houve esse trabalho político ao longo dos anos de haver essa tentativa de mostrar a grandeza do que é política, para se pensar numa nova sociedade, se pensar no quão a participação política é necessária consciente, num mundo em que as pessoas tenham essa clareza das escolhas de quem terá o controle das decisões, é preciso um esforço maior de todos os que realmente amam a política e querem fazer a Democracia.

Eu jamais vou esquecer a mamãe, que chegava a pintar o cabelo na véspera da eleição. A minha família toda lá no Rio Grande tinha o dia do voto como o poder de se posicionar, de contribuir para algo que não estava bom ou que estava e que permanecesse”, lembra.

Alba comenta que completa agora em dezembro 75 anos e não consegue parar de dar aulas, porque ama o que faz. “Você tem que amar o que faz e o momento de votar tem que dizer: meu Deus estarei votando em fulano porque na minha leitura de mundo ele é melhor que o outro. Não é por conta de pesquisas. Isso é algo que tem que começar ser trabalhado logo cedo porque o que temos visto na realidade não é política e sim politicagem. Que é muito diferente”, salienta a professora de História.

 

 

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