Hoje pretendo informar aos nossos diletos leitores algo que não foi escrito no nosso artigo anterior sobre o Tratado de Tordesilhas, firmado entre Espanha e Portugal, em 1494. Em termos práticos, pode-se traçar uma linha ligando Belém, capital do Pará, até Laguna, em Santa Catarina. Sabemos que nosso país tem área de 8.5 milhões de quilômetros, ficaria reduzido a menos de 3 milhões. E aí entram os Bandeirantes, como Raposo Tavares, que ao longo do tempo empurram aquela linha até onde está hoje. Não fosse assim, aqui em Presidente Prudente estaríamos falando a língua espanhola. E aí vale a pergunta: seria bom ou seria ruim?
Agora vou me ater ao que diz o titulo deste trabalho, sobre a inteligência inata. Recorro ao artigo dos autores Boyer e Paul Walsh, traduzido pela revista Dialogo, que começa dizendo que nas sociedades em que o poder e o privilégio não são distribuídos com equanimidades, os mais bem aquinhoados sempre se deixaram embalar pela suposição que era a natureza causadora das disparidades.
Quando o homem cria oportunidades desiguais, ele é forçado a mudar seu sistema social, mas se é a natureza responsável pelas desigualdades, só resta ao homem curvar-se ante as forças supremas que estão fora de seu controle, e então os menos afortunados têm de se resignar às suas inevitáveis desvantagens.
A metafisica da desigualdade natural tem servido bem às democracias. Os antigos gregos tinham riquezas e lazer como resultado do trabalho escravo. Platão exprimiu a sabedoria desta ordem preestabelecida quando declarou que a natureza produz uma hierarquia de superioridade em que os filósofos, como ele mesmo, surgem com mais realce. A crença aristotélica de que todos os homens possuem uma faculdade racional e tinha em si um potencial mais herético, porém, não tornava impossível acreditar que certos homens são mais racionais que outros.
As democracias do novo mundo destruíram muitos elementos da ordem antiga, estabelecendo uma visão radical da igualdade, mas, na prática, os homens se tornaram iguais perante a lei e a ideia de valor individual estabeleceu um princípio de igualdade legal e moral, mas não significava que os homens fossem intelectualmente iguais. Foi assim que as escolas e os mercados se desenvolveram na premissa de que a democracia significava uma oportunidade igual de competição para pessoas geneticamente desiguais.
Muitas das boas condições foram mantidas na educação e também coube ao darwinismo social da sociedade industrial que então surgiria não fosse a tremenda crise que assola o nosso país dito emergente uma metáfora para substituir o termo subdesenvolvido. Essa crise é tão cruel ao colocar cerca de18 milhões de pessoas desempregadas, e é notório que o desemprego afeta a autoestima e a dignidade do individuo além de criar terríveis problemas familiares.
Entretanto, parece justo vermos a questão sob uma visão psicológica. As teorias psicológicas muitas vezes baseiam-se na convicção de que a hereditariedade é a maior responsável pelas diferentes características físicas da personalidade. A psicologia tem fortes raízes históricas na fisiologia, mas como os psicológicos sociais acabaram voltando suas vistas para o meio ambiente e ai entram os antropólogos e o francês Claude Lévi-Strauss proclamando que todo homem possui o mesmo potencial intelectual e, desde que existem os homens, são inatamente iguais desfazendo a ideia do mito.