A Reforma continua

OPINIÃO - Luiz Kazuo Komoda

Data 26/10/2017
Horário 11:00

Foi no dia 31 de Outubro de 1517 que o monge agostiniano e professor de teologia Martinho Lutero afixou as 95 teses na porta da Igreja Castelo de Wittenberg, na Alemanha. O estopim desse ato foi a venda de indulgências “para eliminar a culpa e garantir benefícios ao pecador”. Isso surgiu no contexto da primeira Cruzada (1096-1098). Na teologia católica, os pecados eram perdoados e absolvidos pelo sacramento da penitência, mas ficavam alguns “resquícios” que precisavam de um mérito extra a fim de que a pessoa não sofresse no purgatório. As indulgências davam direito a esse mérito. Inicialmente, elas visavam prover “crédito” para os soldados das Cruzadas. Depois, o alcance delas foi ampliado.

Na época da Reforma, as indulgências funcionavam como compra da salvação. Foi contra esse comércio do perdão que Lutero protestou, veja a 36ª Tese: “Todo e qualquer cristão que se arrepende verdadeiramente dos seus pecados, sente pesar por ter pecado, tem pleno perdão da pena e da dívida, perdão esse que lhe pertence mesmo sem breve de indulgência”.

A mensagem de Lutero encontrou eco na sociedade, e muitos projetaram seus anseios políticos e religiosos na pregação dele. O reformador tornou-se um herói e uma celebridade. Com exceção de Cristo, Lutero é a figura cristã que mais tem sido objeto de biografias e reflexões teológicas. Acima de suas virtudes e seus defeitos, ele foi usado por Deus para cumprir um propósito inadiável e no tempo certo.

A reforma foi também um movimento de resgate. Verdades esquecidas ou escondidas foram restauradas e colocadas novamente diante do povo. A bíblia saiu dos conventos e catedrais para os lares e corações. Esses corajosos pioneiros, porém, tinham um lema: “Ecclesia reformata semper reformanda” (Igreja reformada sempre se reformando). Eles nunca pensaram em algo estático e pontual, confinado a um período específico de tempo, mas em um movimento dinâmico e permanente, que se aprofundaria na verdade, venceria o inimigo e aperfeiçoaria a igreja. Eles trabalharam por um movimento inicial e não total.

Nesse contexto, mais tarde, nasceu o movimento adventista, também chamado a resgatar uma mensagem esquecida: a segunda vinda de Cristo. Igreja Adventista do Sétimo Dia é uma continuação direta da Reforma, profeticamente estabelecida com dia, hora e lugar e mensagem. Em 1844 o relógio de Deus funcionou mais uma vez para continuar esse movimento.

Mais do que celebrar 500 anos da Reforma, nosso chamado hoje é para resgatá-la e mantê-la viva. Para enxergá-la não apenas como um fato histórico a ser pesquisado, mas como um movimento que precisa ser fortalecido, destruindo o pecado e exaltando o Salvador; abandonando opiniões e costumes pessoais e exaltando a Palavra do Senhor; condenando a comodidade e exaltando o ministério de todos os crentes.

A necessidade de Reforma continua sim até a volta de Jesus. Até lá o Salvador diz: “Quem é injusto, seja injusto ainda; e quem é sujo, seja sujo ainda; e quem é justo, seja justificado ainda; e quem é santo, seja santificado ainda. E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra”, cita Apocalipse 22:11-12. Políticos, militares, civis e religiosos estão inclusos nesses versos e prestarão contas no dia do juízo final.

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