A transição e o cuidado

OPINIÃO - Gabriel Plantier

Data 20/10/2022
Horário 04:30

Você sabia que nós, seres humanos, passamos por diversas transições ao longo da vida? Essas transições nos constroem como somos, nos permitem enxergar o mundo como o vemos hoje. Mas afinal, o que é uma transição? 
Segundo Afaf Meleis, enfermeira egípcio-americana que teorizou este fenômeno, uma transição é a passagem de um estado que é considerado estável para um outro estado, também considerado estável, e durante este processo o ser humano precisa incorporar conhecimentos, alterar comportamentos e mudar as próprias definições que agora já não cabem nesta nova fase. 
Neste movimento de mudanças, condições facilitadoras e inibidoras podem interferir na transição saudável. Por exemplo, uma mulher para se tornar mãe passará por transições físicas e mentais incorporando conhecimentos de como cuidar, proteger e alimentar seu filho. Ela mudará comportamentos, pode ser tornar mais introspectiva, mais protetora e sua própria autodefinição será transformada. E se ao redor desta nova mãe, pessoas interferirem negativamente, o processo de transição pode ser problemático. 
O que isso tem a ver com você? O que isso tem a ver com enfermagem? Bom, o enfermeiro é o profissional da saúde que se preocupa com as transições das pessoas. Ele reconhece que desde quando nascemos, processos de transição estão em volta do ser humano, como o próprio nascer, que já é uma enorme transição: sair de um lugar quentinho, protegido, para um local frio, cheio de novas sensações; se tornar criança, aprender a falar, comer, se vestir, se tornar adolescente, nessa fase, haja transição, não é mesmo? 
Se tornar pai, mãe, adoecer, perder pessoas próximas, descobrir doenças crônicas que vão requerer tratamentos longos e mudanças de estilo de vida, envelhecer... Em todos esses momentos o enfermeiro vai identificar, reconhecer e intervir nos desvios que podem acontecer durante uma transição complicada que podem interferir na sua saúde. Este profissional vai te instrumentalizar para tomar decisões mais assertivas para incorporar novas percepções e trazer maior autonomia nesta nova fase de mudança. 
Neste momento pós-pandemia (se é que estamos mesmo em pós-pandemia) em que vivemos, gostaria de terminar com uma pergunta que até pode ser retórica: por quantas transições você passou, você conseguiu interagir e desenvolver confiança com esse novo estado em que você se encontrou? 
Se não, procure um enfermeiro. Ele certamente vai facilitar e te guiar nesse processo de mudança para que você atinja uma integração fluída com esta sua nova identidade e, após, você possa encontrar equilíbrio para viver com maior qualidade de vida e poder ter autonomia para tomar decisões mais assertivas em saúde.
 

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