Amor e limites: educação positiva

OPINIÃO - Paula Carneiro

Data 16/04/2024
Horário 05:00

Caro leitor, anteriormente abordamos as diretrizes propostas pela BNCC com experimentação de diferentes aprendizagens significativas para alcançar o desenvolvimento pleno da criança de forma integral nos aspectos social, emocional, físico e intelectual. Com certeza a meta principal dessas diretrizes é respeitar as fases de desenvolvimento do ser humano e vindo ao encontro dessa proposta de maneira saudável e prazerosa, encontramos a educação positiva. Segmento criado pelo psicólogo americano, Martin Seligman, sendo ela um conjunto de práticas visando o desenvolvimento humano integral com autonomia, resiliência, equilíbrio e inteligência emocional.
Na educação tradicional, o foco é limitar a criança e controlar o seu comportamento ditando o que pode o que não pode e o que é inadequado, sendo assim a educação positiva prega exatamente o contrário da tradicional. Mas a criança pode tudo? Pode fazer o que ela quiser? Não, é claro que não. A educação positiva começa por uma conscientização de nós adultos, a fim de que consigamos direcionar as habilidades da criança. O caso é que, nós adultos repetimos o que faziam conosco quando crianças e assim estamos sempre querendo limitar, controlar e exercer poder sobre a criança. A educação tradicional tem a base behaviorista, centrada no adulto onde tudo funciona a partir dele. A educação positiva tem foco nas necessidades do ser humano, ensina habilidades, supre necessidades naturais e essenciais da criança. É centrada nas relações onde ambos, criança e adulto, são protagonistas.
Nesse contexto, a escola é o espaço para a permissão e o desenvolvimento da competência emocional, para isso professores têm que se habilitar a fim de que consigam conduzir de maneira mais tranquila a criança que temos em sala e a que fomos, no passado, pois todo comportamento é uma comunicação, então quando a criança fizer birra, quando você tiver que falar mil vezes a mesma coisa, quando conversar e não funcionar, não se desespere, é tudo mecanismo de defesa da criança. É nessa hora que nós adultos centramos tudo nas nossas necessidades e agimos de maneira controladora e diferente da educação tradicional, na positiva não é preciso fazer a criança se sentir mal, precisamos mostrar compreensão.
Uma mudança de comportamento do adulto será preciosa, por exemplo, ao conscientizar a criança de que consequências lógicas acontecem quando já existe um aviso prévio como quando o desenho deve estar no papel, não na parede, assim que o desenho é feito na parede precisamos limpar juntos e voltar a desenhar no papel. Precisamos focar em reparar erros juntos, pois faz parte de boas relações. Adulto responsável age e não reage, até porque a nossa reação vem da dor, da nossa dor.
Na infância, a teimosia e a agressividade são esperadas, por isso você, pai, mãe, professor, tutor, devem saber lidar de forma natural com essa agressividade, o que infelizmente não nos foi ensinado e por isso precisamos aprender diferente, ou você se tornará violento com essa violência que nos foi ensinada. Obediência imposta violentamente gera invisibilidade no futuro da criança. Podemos criar filhos obedientes que futuramente não saberão dizer não ao colocar-se frente a uma situação, de ter voz ativa e identificar seus limites.
A educação positiva deve ser explorada, conhecida e trabalhada por toda sociedade, porque não podemos querer crianças perfeitas, elas erram, fazem birra, mas diante disso tudo devemos querer que elas aprendam a não terem medo dos pais, professores e tutores. Fiquem atentos, pois elas podem correr de vocês ou para vocês quando elas precisarem.

Snyder, C. R., & Lopez, S. J. (2009). Psicologia Positiva: Uma abordagem científica e prática das qualidades humanas (R. C. Costa, Trad.). Porto Alegre: Artmed.
 

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