Aos 103 anos de idade, Hélia Coutinho Cerávolo será homenageada com o título de Cidadã Prudentina pela Câmara Municipal de Presidente Prudente.
A sessão solene de outorga ocorre nesta sexta-feira, a partir das 20h, no plenário da casa de leis. A autoria da honraria é do vereador Tiago Santos de Oliveira (PTB).
Dona Hélia nasceu em 10 de setembro de 1918, em uma fazenda na divisa dos Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, às margens do Rio Paraíba. Seu registro foi no município de Mar de Espanha, Minas Gerais.
É filha caçula de Minervina Gonçalves da Cruz (Dona Nenê) e de Albino Alves da Cruz (Coronel Albino), que veio em 1927 para Presidente Prudente para preparar a vinda da família. Dona Hélia chegou em 1929. Aos 14 anos, foi para São Paulo (SP), onde se dedicou aos estudos de inglês e biblioteconomia.
A solenidade é aberta ao público. A transmissão será disponibilizada no canal da TV Câmara no YouTube (www.youtube.com/tvcamaradepresidenteprudente).
Segundo o histórico anexo ao projeto de decreto legislativo, após chegar a Prudente, a família de Dona Hélia se instalou na Vila Marcondes, na rua hoje denominada Dib Buchala, próxima à Estação Sorocabana. Até hoje, sua casa é preservada com os leões, um de cada lado da escada de entrada.
Na ocasião da chegada de Dona Hélia, o cenário era de chão de terra e casas de madeira sem esgoto e água encanada, o que ela considerava uma aventura. Aos 14 anos, passou a se dedicar aos estudos na capital paulista. Estudos estes que serviram para ampliar sua cultura e despertar seu amor pela leitura, gosto que a acompanha até os dias de hoje.
Mais tarde, conheceu seu marido Jacomino, estudante de Medicina em São Paulo que tinha vindo para Prudente a convite de seu irmão Domingos Leonardo Cerávolo.
Eles se casaram e nunca se mudaram de Prudente, apesar de Dona Hélia gostar muito de São Paulo, onde residiam alguns de seus irmãos. Tornou-se parceira do marido, com quem viveu quase 55 anos.
Tiveram sete filhos e Dona Hélia assumiu a missão de educá-los e acompanhar seus estudos e sua participação na comunidade com a parceria e o apoio do marido, muitas vezes ocupado em exercer suas funções médicas.
Hoje são muitos: além dos sete filhos Álvaro Lucas, Francisco José (falecido), Maria do Rosário, Leonardo, Hélia Maria, Jacomino Filho e Maria Helena, genros e noras, há ainda 23 netos, 27 bisnetos e 1 tataraneto.
Procura até os dias de hoje participar da vida de toda a família, filhos, netos, bisnetos e tataraneto conhecendo o gosto de cada um, com muita lucidez, sabendo dialogar e respeitando sua idade e seu nível de desenvolvimento.
Dona Hélia relembra de fatos de Prudente que talvez muitos historiadores desconheçam. Acompanha os noticiários sempre pela TV e também pelo jornal O Imparcial, que é a sua primeira leitura do dia.
Ela rememora com maestria datas e fatos passados e acompanha os fatos presentes de Presidente Prudente, Brasil e mundo, tendo opinião formada sobre estes. Por isto, seus filhos a consideram "atemporal".
Esta impressão é reforçada quando fala com detalhes de outras pandemias, como, por exemplo, da gripe espanhola e gripe asiática, dos horrores da segunda guerra e de suas consequências no Brasil. Fala da Revolução Constitucionalista de 1932 e muitos outros fatos que ocorreram na história. Costuma desafiar os mais jovens dizendo que, no século passado, foram maiores as descobertas e invenções do que as de hoje, relatando-as com detalhes.
Em 1935, participou da solenidade de inauguração da Santa Casa de Misericórdia, onde seu marido prestou muitos anos de serviço. Com entusiasmo, colaborou nas campanhas, inclusive quermesses, para arrecadar fundos para a construção da Catedral de São Sebastião. Exemplo de católica praticante, sempre respeitou os amigos que seguem outras religiões.
Cresceu com a cidade, que tem somente um ano a mais do que ela, e conheceu pessoalmente seus fundadores e suas trajetórias.
Acompanha o desenvolvimento de Presidente Prudente desde a primeira rádio, as primeiras transmissões de TV, o aeroporto, o primeiro prédio com andares, os cinemas, os clubes, as entidades sociais, as escolas e as faculdades. Participou da fundação do Lar Santa Filomena e do Lar dos Meninos, entidades que até hoje contam com seu apoio. Como uma das primeiras sócias, participou ativamente com sua família das atividades do Tênis Clube: bailes, Réveillons, carnavais etc., oportunidades de encontrar com os representantes da comunidade e com o grande grupo de amigos que formou.
Foi membro do Lions Clube de Presidente Prudente e trabalhou na Assistência Social da Prefeitura algum tempo. Ali, desenvolveu ações filantrópicas e conquistou muitos, com seu exemplo de caridade e modo de atender aos necessitados. Nestes grupos, também teve oportunidade de ampliar suas amizades.
Atualmente, em sua cadeira de balanço, continua suas atividades de serviço ao próximo, confeccionando cachecóis, xales e gorros para os mais necessitados, especialmente aos idosos que residem em asilos.
"Mulher de muita fé, diariamente agradece a Deus e reza por tudo e por todos, especialmente por sua família que a ama muito e que está se sentindo honrada com esta homenagem. Esposa, mãe e avó carinhosa, dedicada e presente. Amiga, conhecida por tantos, cidadã atuante, Dona Hélia é um exemplo para sua família e certamente um patrimônio e orgulho para esta cidade que a acolheu e juntas cresceram e vencerem!", escreveu o parlamentar Tiago Oliveira, autor da honraria.
