Apta quer elevar produção de verduras no verão

Plantio na palha de braquiária protege folhas do respingo de chuva no solo, o que pode até reduzir uma operação pós-colheita

PRUDENTE - VICTOR RODRIGUES

Data 15/12/2016
Horário 08:50


A Apta (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, desenvolve uma pesquisa para a melhoria e aumento na produção de verduras e outras folhagens durante o verão, que é uma época não muito propícia para a produção devido ao tempo quente e chuvoso, quando o consumo aumenta e a produção diminui. O projeto "Manejo do ambiente e do solo para o cultivo de folhosas de verão", desenvolvido no polo regional do órgão, em Presidente Prudente, é coordenado pela engenheira agrônoma e pesquisadora Andréia Cristina Silva Hirata.

Jornal O Imparcial Cultivo direto de verduras é feito em palha de braquiária

De acordo com a pesquisadora, para isso, foram estudadas diferentes telas de sombreamento associadas ao não revolvimento do solo. Também foi avaliado o plantio direto de diferentes variedades de alface e rúcula em palha de Brachiaria ruziziensis cultivada nos canteiros antes do plantio das hortaliças. Os resultados do trabalho mostraram elevada redução de plantas daninhas com a palha da Brachiaria ruziziensis e melhora na qualidade do solo no cultivo dessas hortaliças.

"Isso implica em redução da mão de obra para capina, sendo que o produtor pode utilizar esse tempo para outras atividades da horta. As variedades estudadas mostraram-se adaptadas ao sistema. Houve ainda benefícios do plantio direto na qualidade física do solo e redução da temperatura do solo, o que para o cultivo no verão é muito importante", afirma Andréia.

Ao longo dos cultivos houve aumento da produtividade no plantio direto sobre a braquiária em relação ao plantio convencional, além de conservação dos canteiros, os quais ficaram protegidos das chuvas abundantes do período. O cultivo na palha de braquiária protegeu as folhas do respingo de chuva no solo. "Isso pode até reduzir uma operação pós-colheita, que é a de lavagem da alface para tirar a terra aderida nas folhas que ocorre no plantio convencional. Foram realizados vários dias de campo para difundir a pesquisa entre os produtores da região", explica.

A pesquisa também analisou o uso de telas de sombreamento para a produção de hortaliças. Os pesquisadores estudaram a produção de alface, agrião e cebolinha, três das hortaliças mais consumidas pelos brasileiros. No agrião, por exemplo, as telas de sombreamento aumentaram em cerca de 60% a massa fresca da planta, em relação ao cultivo em pleno sol. A alface teve melhora na qualidade, com folhas maiores e mais macias, características apreciadas pelos consumidores.

 

Premiação

A ideia fez tanto sucesso, que a Apta foi premiada na categoria "Pesquisa Científica" do Prêmio Josué de Castro de Combate à Fome e à Desnutrição. O prêmio é promovido pela Secretaria de Agricultura, por meio do Cesans (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável). O resultado foi divulgado no início do mês passado no Diário Oficial do Estado de São Paulo. A premiação foi realizada no dia 14 de outubro, na sede da secretaria, em São Paulo.

O Prêmio Josué de Castro tem o objetivo de identificar, certificar, premiar e difundir iniciativas voltadas à formulação de soluções concretas para o combate à fome e à promoção da segurança alimentar e nutricional. Na edição deste ano, os projetos desenvolvidos pela Apta ocuparam as três primeiras posições na categoria "Pesquisa Científica".

Anualmente, o Consea-SP (Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional) encaminha ao Conselho Estadual Honrarias e Mérito, do Palácio dos Bandeirantes, a relação nominal dos premiados para registro em livro próprio.

 
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