Autores participam de bate-papo em escola estadual do Ana Jacinta

Durante quase três horas, turmas da Escola Estadual Oracy Matricardi, tiveram contato direto com incentivadores da leitura e escrita

VARIEDADES - OSLAINE SILVA

Data 28/09/2016
Horário 12:34
 

A Escola Estadual Oracy Matricardi, localizada no Conjunto Habitacional Ana Jacinta, realizou na manhã de ontem, o 2º Bate-Papo com Autor. Mas, mais que um, quatro convidados estiveram bem pertinho dos alunos. Três autores, Regina Prieto, Nicolly Bueno e Lincoln César Ferreira Pinto. Além da jornalista Camila Mancine. Durante quase três horas, as turmas puderam ter esse contato direto com esses incentivadores da leitura e escrita. E ainda conhecer talentos da própria escola.  Um enriquecimento no aprendizado.

De acordo com a diretora da unidade de ensino, Marta de Andrade Primo Mendes de Oliveira, 51 anos, o evento é uma das ações do Projeto Monteiro Lobato, trabalhado na escola. Para o próximo ano, além do bate-papo, músicos farão parte da programação da atividade, no primeiro semestre.

Jornal O Imparcial Alunos e autores, juntos em um bate-papo de incentivo à leitura e também à escrita

Segundo a diretora, os autores convidados foram escolhidos a dedo de acordo com o gênero estudado em cada ano escolar. Os 6ºs anos, por exemplo, trabalharam a obra e a vida do autor, assim como o 9º ano que ainda explorou o artigo de opinião e tiveram Camila Mancine, falando sobre o assunto e provando que tudo se pode quando se quer, independente de limitações.

Marta destaca que essa aproximação com os autores enriquece o currículo e desperta nos alunos o gosto pela leitura. "Enquanto profissional, o que me motiva nesta ação é exatamente possibilitar a eles esse contato com autores que apesar de nos darem asas para voar para lugares que não conseguimos ir, mostram que são gente como a gente. Tenho um carinho muito especial por esse projeto! É, para mim, uma grande festa!", exclama Marta.

Explicando esse amor pelo projeto, Marta conta que nasceu num ambiente que não existia cultura, porém seu pai, Arthur, que vai completar 92 anos, analfabeto, incentivava os dez filhos a estudarem, a lerem! "Meu pai era um visionário, meu principal incentivador, motivador na vida! Ele dizia que o sonho dele era ter uma filha professora e não me deixou trabalhar para que eu fizesse o magistério. Isso foi muito importante para ele e para mim. Então, tudo que posso celebrar, o faço!", exclama a diretora.

 

Participantes


Regina Prieto, 47 anos, autora de "Para sempre" e participante de duas antologias "Roupa Branca" e "Engano", conversou com alunos sobre o seu segundo livro, "Tudo posso aos 15 anos", que eles trabalharam em sala. "Além de quererem saber sobre a história, o enredo do livro, achei bem interessante a curiosidade deles sobre a nossa vida em particular . Quando me convidaram para o projeto fiquei feliz por ter a oportunidade de passar isso. Se para eles é um incentivo essa proximidade com o autor, acredito que para nós é ainda mais, pois sentimos a aceitação do nosso trabalho", destacou.

De Presidente Venceslau, Nicolly Bueno, 33 anos, também disse ter adorado participar. Ela falou sobre seus sete livros, de sua atividade enquanto professora e também da sua vida pessoal. Dentre as curiosidades, os alunos quiseram saber como ela fez para escrever, como publicar um livro, etc.

"Eu que comecei escrever após ser classificada em um concurso literário, entendo que estar próxima aos alunos é importante porque aqueles que tem vontade de escrever percebem que isso é possível. E é fundamental para que saibam que aqui na região tem muitos autores e que merecem ser valorizados. Notei que muitos deles gostam de escrever, contos, crônicas e poesias. Isso é muito bom", salientou Nicolly.

Para Lincoln foi um encontro diferente na questão de ter vários autores participando. "Foi bem legal, um bate- papo bacana, no mesmo esquema que fazemos no Salão do Livro. É muito legal essa coisa de além de falar dos livros eles querem saber da sua vida, do meu trabalho na produção cultural. Bom, eu como professor só tenho a elogiar esse tipo de trabalho e agradecer aos convites, sempre", frisou Lincoln.

 

Incentivo é preciso


Veridiana Balbino de Souza, 13 anos, do 8º ano, foi uma das alunas que revelaram habilidade e gosto pela literatura. Ela desenvolveu um poema intitulado "Humanos". Segundo ela, que adora escrever o tema veio após participar da "Eletiva de horta suspensa em garrafa pet, pura poesia".

"Além disso, o meu projeto de vida é ser engenheira agrônoma. Falei aos amigos um pouco sobre mim, qual foi o meu procedimento e da minha parceira Maria Verônica, para escrevê-lo depois da professora ter dado palavras chaves sobre meio ambiente, poluição, como os humanos tratam o meio ambiente, degradando, poluindo. Foi bem legal", menciona a estudante.

Sérgio Pereira de Souza, coordenador da área de ciência da escola, esse momento incentiva os alunos do ensino fundamental e médio a produção de seus próprios textos a partir de suas experiências de vida. "Com o bate-papo com autores eles conhecem as facilidades e dificuldades dessas pessoas para escreverem um livro. E percebem que os escritores não estão assim tão distantes de suas vidas", denota o coordenador.

 
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