Calígrafa de Iepê transcreve termo de posse presidencial em Brasília

Ana Paula Alves Barros, de 38 anos, realizou trabalho em duas etapas, a primeira com duração de quatro horas; “é uma honra escrever num livro que sei que durará centenas de anos”, afirma

REGIÃO - DA REDAÇÃO

Data 02/01/2023
Horário 17:55
Foto: Cedida
Ana Paula foi responsável por transcrever termo de posse presidencial
Ana Paula foi responsável por transcrever termo de posse presidencial

A moradora de Iepê, Ana Paula Alves Barros, 38 anos, foi a calígrafa designada para transcrever o termo de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que assumiu o governo neste domingo, além do termo de abertura do terceiro volume do Livro de Posse Presidencial do Brasil.

A profissional, que atua como escrivã de polícia no Estado de São Paulo, desembarcou em Brasília (DF) no dia 27 de dezembro, onde realizou a primeira etapa do serviço no dia 28, com duração de quatro horas. “Então, só no domingo, 1º de janeiro, executei a última etapa do trabalho. Assim que o presidente e respectivo vice [Geraldo Alckmin, PSB] foram empossados e assinaram ao final do termo de posse, bem como aqueles que fizeram parte da mesa, tive que escrever o cargo de cada um deles ao lado de suas assinaturas”, conta a calígrafa à reportagem de O Imparcial. “Em seguida, eu estava liberada para voltar para a minha cidade”, completa.

Foto: Cedida - Calígrafa iniciou o trabalho de transcrição no dia 28 de dezembro

Ana Paula não sabe exatamente como foi encontrada, mas suspeita que tenha sido por meio das redes sociais nas quais divulga e ensina a arte da caligrafia. O convite para participar do processo licitatório foi feito por setor competente do Senado Federal. “Eles divulgam o processo para alguns calígrafos brasileiros e estes devem enviar o orçamento e a amostra do serviço. Usando critério técnico, somado ao orçamento oferecido, sai o resultado. Alguns dias depois de submeter o solicitado, fui informada de que meu trabalho foi selecionado”, relata.

A profissional descreve a experiência como sendo única e diz ter voltado com muito mais bagagem do que pensou que um dia teria.

“É uma honra escrever num livro que sei durará centenas de anos. Estarei sempre viva, de alguma forma. Além disso, chamar a atenção para essa arte pouquíssimo iluminada é meu objetivo há muito tempo”, avalia.

Foto: Cedida - Ana Paula foi selecionada para trabalho após processo licitatório

Desenvolvimento da habilidade

Ana Paula nasceu em Londrina (PR), mas reside em Iepê. Além da profissão de escrivã de polícia, que considera bastante exigente e à qual muito se dedica, ela divulga conteúdo gratuito e vende aulas de caligrafia por correspondência.

A calígrafa destaca que a mãe, o avô materno, tios e outros membros da família são dedicados a profissões manuais e, por isso, ela identificou habilidades semelhantes ainda jovem. “Conheci a escrita bonita na antiga oitava série, com um professor de Matemática, e passei a copiá-lo, mas só aos 26 anos tive contato com material profissional – o bico de pena e tinta –, momento em que passei a praticar a caligrafia”, rememora.

Depois disso, Ana Paula começou a buscar bibliografia a respeito, em sua maioria em inglês. “A partir daí, fiz um Guia de Caligrafia Copperplate [caligrafia inglesa], que já está na segunda edição. Atualmente, estou produzindo um livro que quero publicar nesse ano, também a respeito do mesmo tema”, pontua.

Foto: Cedida - Ela concluiu o trabalho neste domingo, durante cerimônia de posse

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