Considerado ainda um tabu, o tema suicídio ainda é pouco discutindo pela sociedade. De acordo com a psiquiatra Gilmara Peixoto Rister, a prática vitima mais de 10 mil pessoas no Brasil e cerca de um milhão no mundo todos os anos. É considerado um grave problema de saúde pública, que é vista como a terceira maior causa de morte entre indivíduos de 15 a 39 anos. A fim de promover a abertura para conscientização acerca do assunto, foi realizado ontem uma mesa redonda com o tema “Abordagens Interdisciplinares de Prevenção ao suicídio”, no anfiteatro do HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo, de Presidente Prudente). O evento compõe a campanha referente ao Setembro Amarelo e, durante toda a programação, estima-se que 5 a 10 mil pessoas estejam envolvidas na ação em Prudente.
O momento contou a presença de funcionários do hospital e do AME (Ambulatório Médico de Especialidades). No momento, foram abordados os temas: “Suicídio: Como abordar?”, com o psiquiatra Samuel Ferreira de Aurélio; “Abordagem de familiares do suicida”, com a doutora em enfermagem da saúde mental, Aline Buriola; “Fatores Biopsicossociais do Suicídio”, com o psicólogo Davi Alex Araújo Silva; e “Ações de Terapia Ocupacional”, com o terapeuta ocupacional Paulo Henrique Ponsoni. Devido a quantidade de mortes por esse problema, foi criada em 2014 a campanha do Setembro Amarelo, com uma iniciativa do CFM (Conselho Federal de Medicina) e da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria) “A cor amarela tem a ver com a alegria, atenção e principalmente a visibilidade que devemos dar a esse tema”, declara Gilmara.
Segundo a psiquiatra, que também é coordenadora da campanha, o suicídio precisa ser abordado para que possa haver prevenção. “Esses bate-papos servem para tirar o tabu deste assunto. Ele é estabelecido por uma questão social, pela ideia de que não se pode falar sobre isso, o que acaba diminuindo a busca por ajuda.” A psiquiatra explica que o suicídio está ligado a transtornos mentais, assim como a depressão, transtorno de humor, afetivo bipolar, quadros de dependências de substâncias e esquizofrenia.
Conforme o psicólogo Davi Alex Araúdo Silva, finalmente a população se deu conta de que o suicídio é um problema de saúde pública. “Assim como outras campanhas de prevenção, o número de casos pode diminuir se for falado, divulgado e estudado.” Ele classifica o evento com grande importância, pois promove a orientação da população, prevenindo futuras tentativas de suicídio. O psicólogo orienta que as pessoas que passam por essa situação devem ser escutadas, pois através da própria fala, podem se sentir aliviadas. “Elas precisam de acolhimento, atenção e empatia, além de conselhos para um encaminhamento profissional”, explica.
Para assistente social do Ambulatório Regional de Saúde Mental de Prudente, Geisa Rissi, 32 anos, infelizmente a questão do suicídio ainda é um tabu, embora aconteça frequentemente. “Um evento como este tem que acontecer para que possa ser trabalhado e esclarecido o tema e as situações.” A assistente diz que é importante oferecer um suporte para pessoas que sofrem de algum transtorno, para que saibam da existência dos lugares de apoio e tratamento.
SAIBA MAIS
A programação irá se entender durante todo o mês de setembro. No dia 10, haverá uma panfletagem de orientação a população sobre o tema, em todas as unidades de saúde mental do município, no HR, AME, no Hospital Bezerra de Menezes e nos Caps (Centro de Atenção Psicossocial) 2, 3, infantil e AD. Já no dia 12, no Teatro Paulo Roberto Lisboa, às 20h, será realizada a palestra “Suicídio: O que é importante conhecer para ajudar a prevenir”, com o doutor Alexandre Duarte Gigante. Para finalizar, no dia 23, irá ocorrer a 3ª Caminhada de Prevenção ao Suicídio, com saída da quadra coberta do Parque do Povo. Ambos os eventos são gratuitos e livres para a população em geral.
