Câncer: exercício físico diminui o risco

Jair Rodrigues Garcia Júnior

Câncer é uma entre tantas doenças nas quais pensamos apenas quando nós, alguém próximo ou um famoso é acometido. Errado! Pois, se não pensamos que estamos sujeitos à doença, não pensamos também (1) em prevenção, (2) em diminuir o risco de acontecer e (3) em se preparar para enfrentar da melhor forma. Ficamos mais vulneráveis.

PREVENÇÃO PRIMÁRIA

 São os comportamentos que devemos adotar no dia a dia para diminuir o risco de acontecer o câncer e outras doenças: dieta adequada, atividade física, manutenção do peso corporal, controle do estresse, sono de qualidade, convívio social, espiritualidade etc. Ressalte-se: no dia a dia. Por sua vez, a prevenção secundária, que são a consulta médica e exames, deve ser periódica. Óbvio que, em casos de dor ou algum sintoma, o médico deve ser procurado imediatamente.

DIETA

 Com base em muitos estudos, a nutricionista Bia Dorazio fala em seu perfil no Instagram e orienta em seu consultório sobre os alimentos e a dieta que podem prevenir o câncer e outras doenças. “A base” são estudos epidemiológicos que estabeleceram de forma consistente a associação inversa entre o consumo regular (principalmente desde a juventude) de grãos integrais, fibras, frutas e vegetais em geral, e o risco de câncer.

ATIVIDADE FÍSICA

 Não é exagero mencionar que a atividade física “salva vidas”. A atividade física está entre os fatores de estilo de vida que podem prevenir 30-40% dos casos de câncer. Há estudos epidemiológicos com centenas de milhares de pessoas (1,44 milhão de pessoas, JAMA, 2016; 755 mil pessoas, Journal of Clinical Oncology, 2020) que dão embasamento científico consistente e forte de que os exercícios vigorosos (intensidade alta) reduzem o risco de pelo menos seis tipos de câncer: mama, cólon, endométrio, esôfago, estômago e bexiga.

MECANISMOS

 E quais são os efeitos do exercício físico que contribuem para diminuição do risco de seis (alguns estudos mencionam até 13) tipos de câncer? O exercício regula a secreção de hormônios como a insulina, o fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-1), leptina e citocinas relacionadas com a obesidade. Ainda, aumenta a secreção de citocinas anti-inflamatórias e diminui o grau de inflamação sistêmica. Finalmente, melhora a função imune (inclusive a imunovigilância) e a composição e diversidade da microbiota intestinal.

MELHOR PROGNÓTICO

 O exercício físico vai além da prevenção, pois também está demonstrado que melhora o prognóstico de resposta à terapia, de sobrevivência e longevidade do paciente, quando praticado previamente ao diagnóstico. Tem sido também indicado para os pacientes em terapia, pois pode auxiliar a reduzir os efeitos adversos e melhorar a qualidade de vida. Por isso, na linha “Exercício é Medicina”, todos os profissionais de saúde deveriam fazer como o Dr. Flávio Porto (cirurgião da coluna): praticar e encourajar a população a se engajar em exercícios regulamente. Prevenção de câncer é mais um motivo para tal recomendação e para políticas públicas mais incisivas.

Exercício físico vai além da prevenção, pois também melhora o prognóstico da terapia, de sobrevivência e longevidade do paciente.

 

 

 

 

 

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