Cartão vermelho: sem ofensas às mães de árbitros

Neste ano atípico o dia dedicado às que dão vida ao mundo será diferente, longe de seus tesouros preciosos, mas para lembrar todas, três profissionais dos gramados homenageiam as suas

Esportes - OSLAINE SILVA

Data 10/05/2020
Horário 10:30
 Weverson Nascimento: Lili acredita que maior presente para a mamãe Alice seria a sua rotina de volta
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Se existem mulheres que não recebem comentários nada elogiosos quando seus filhos estão trabalhando, ah sem dúvidas são as mamães dos árbitros de futebol. Imaginem muitas vezes as pobrezinhas sentem que seus corações vão sair pela boca. A verdade é que mãe é um ser que vive para e por sua cria. O que mais as satisfazem é ver a felicidade e o bem-estar dos seus tesouros mais valiosos. E neste Dia das Mães atípico, em que para muitas será bem diferente, O Imparcial traz três mamães e seus filhos, profissionais da região que vivem a magia do futebol brasileiro através da análise de cada lance dos jogadores em campo. Uma coisa é certa: os três sempre encherão de orgulho os corações destas mamães, porém, igualmente desagradarão a torcida de um dos times em campo.

O mais jovem deles, o estudante de Educação Física, Wesley Souza Lopes, 29 anos, enfatiza logo de cara que seu bem mais precioso é sua mamãe Ermínia, 51 anos. E neste momento de tanto medo do coronavírus, o que o tranquiliza um pouco mais é ela estar resguardada, no sítio onde mora, em Rancharia.  Para poupá-la, o filho telefona diariamente para saber se está precisando de alguma coisa e ele mesmo leva para que ela não saia. Assim como todas as mães, Wesley diz que dona Ermínia tenta proteger a ele e seus irmãos como uma leoa. Segundo ele, as obrigações do dia a dia nem sempre permite estarem juntos, mas o amor que os envolve está sempre em primeiro plano.

“[risos] Ela me disse uma vez, que se estivesse dentro de campo quando me xingassem, teria saído batendo em todo mundo com o cabo de uma vassoura [risos]. Por isso, é melhor evitar e deixar ela quietinha em casa [risos] para não ter essa preocupação. E quando volto, vou até sua casa, dou aquele beijo e relaxo com seus carinhos!”, exclama o filho.

 

COMPANHEIRA EM CASA

E NO TRABALHO

Desde sempre apaixonada por futebol, gradativamente a arbitragem foi fascinando a educadora física Liliane Galindo, 36 anos, a Lili Galindo, que ama incondicionalmente sua profissão. E, como não poderia ser diferente, uma pessoa especial sempre a apoiou, inclusive a acompanha em vários jogos, foi a mamãe Alice! “Ela já até se acostumou com as ofensas e não fica mais tão apreensiva, mas mesmo assim prefere ficar no carro e se distrair enquanto trabalho [risos]”, diz a filha que ao contrário do que está sendo comum ver, os pais desobedecendo nessa quarentena, Lili é quem tem sido a teimosinha em casa preocupando a mamãe.

“[risos] Ela não tem saído de casa de jeito nenhum! Sei que o maior presente que ela gostaria de ganhar é que tudo voltasse ao normal para eu ter a minha rotina. Todos em casa estão exercendo suas funções, eu não. Que seja com adaptações, flexibilizações, mas é o que ela gostaria”, menciona Lili.  

 

NA LINHA DE

FRENTE SEMPRE!

Ultimamente, a maior preocupação do árbitro e professor de Educação Física, Cleyton Dutra, 37 anos, que mora em Álvares Machado tem sido que a mamãe Rosa Diva de Oliveira Dutra, 65 anos, obedeça todas as orientações para não ser acometida pela Covid-19, pois além de se enquadrar no grupo de risco ela é muito prestativa. E por ter sido enfermeira por dez anos onde mora, no distrito de Eneida, mesmo aposentada, os moradores confiam nela. “Sempre que alguém passa mal, se o postinho de saúde está fechado corre na porta dela para pedir orientação. Ela se aposentou, mas os moradores não a aposentaram [risos]. E meu maior medo é ela se contaminar se colocando assim na linha de frente. Infelizmente, não sabemos quem está ou não infectado”, destaca Wesley.

Dona Rosa sempre diz ao filho que o maior presente que ela ainda quer ganhar é ver o neto, filho de Cleyton que está seguindo seus passos nesta profissão, atuando em um mesmo jogo oficial pela federação. “Ela disse que seria um amor sem ‘impedimento’ nesta partida [risos]. São mais de 15 anos de profissão, antes ela ficava bastante chateada, agora já está acostumada com as ofensas dirigidas a mim e a ela também [risos]. Como ela diz: ‘todo árbitro tem duas mães’ e ela prefere ser a mãe do Clayton e não do árbitro Dutra como sou chamado [risos]. Te amo, mãe!”, destaca Cleyton.


 

Fotos: Cedidas


Wesley, os irmãos e a mamãe: amor que os envolve está sempre em primeiro plano

 


Rosa prefere ser a mãe do Clayton e não do árbitro Dutra

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