Cartinha

OPINIÃO - Sandro Rogério dos Santos

Data 22/12/2019
Horário 04:18

A exemplo dos pais que no nascimento escrevem cartas para seus filhos lerem na vida adulta, escrevo uma cartinha pela celebração do nascimento de Jesus – a encarnação do Verbo de Deus na história humana.

Divino Infante, quanta alegria acolher-vos entre nós. Nossas maternidades andam cheias e nem sempre bem aparadas pelo sistema de saúde. Sofre menos quem tem mais poder econômico. Digo isso porque talvez eu não vos tenha acolhido de fato. Receio que as minhas palavras escondam ou despistem minhas atitudes. Sei que hoje vos acolheria recebendo a outras pessoas, especialmente essas que ninguém quer por perto, que questionam o meu modo de ser, de pensar e de viver.

Gostaria, Divino Infante, que o vosso nascimento trouxesse verdadeira luz para quem nos dias atuais continua andando nas trevas: famílias desajustadas (acreditando-se boas, mesmo malformadas), desemprego, falta de expectativa e esperança aos jovens (excluídos do mercado e forçados aos modismos), falta de saúde e de boas escolas, excessiva corrupção sobretudo nos meios político-sociais, vícios (jogos, drogas) e violências... Esses são ‘os cegos, os coxos, os leprosos e os pobres’ de hoje a espera da Boa Notícia.

Eu acredito, Divino Infante, que para eles viestes ao mundo. Viestes para procurar, curar e salvar quem está perdido. Viestes para transtornar os planos dos poderosos cujo olhar não vai além do próprio umbigo ou cerca. Viestes para anunciar o novo tempo da Graça, da libertação, da alegria, da vida plena para todos, da esperança sem fim e das bem-aventuranças que manifestam o Reino de Deus atuando na história.

Divino Infante, nesta data em que nasceis, peregrino, sigo ao vosso encontro. Desejo oferecer-vos meus presentes e cantar a exultação pelo mistério a nós revelado. Anseio ver o lobo e o cordeiro pastando juntos e mais que isso, quero muito ver irmãos que se odeiam celebrar o perdão, famílias despedaçadas serem restauradas no vosso amor, gente abandonada ser reencontrada e amada. Quero ver as crianças felizes, não pelos muitos e caros presentes que se lhes dão, mas pelo carinho entres seus pais e pela vida exemplar dos adultos.

Eu sonho que as pessoas em nossa época percebam o brilho da estrela e por ela se deixem guiar. Ainda que passando pelo palácio de Herodes, sem ceder às tentações do poder, do prazer e do ter, continuem o caminho rumo a Belém, a casa do pão, à manjedoura escondida nalguma periferia existencial... afinal, a luz brilha para todos, ainda que nem todos a enxerguem. Feliz Natal para vós e para nós, Divino Infante!

Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida. Pax!!!

 

 

 

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