Casal suspeito de integrar organização é detido

Conforme investigadores, membros do esquema tinham papéis definidos; até roupas íntimas eram compradas com dinheiro público

REGIÃO - VICTOR RODRIGUES

Data 19/10/2016
Horário 08:58

 


O casal Tiago Sobral e Marta Sanfelici, que estava foragido desde 6 de outubro, quando deflagrada a Operação Tanque Cheio em Sandovalina, foi detido na noite desta segunda-feira, por volta das 23h, em um pedágio de Regente Feijó. Eles haviam informado, por meio de um representante, que se entregariam no dia 10 de outubro, mas não se apresentaram à polícia. Tratam-se do cunhado e irmã do prefeito de Sandovalina, Marcos Roberto Sanfelici (PSDB).

Tiago e Marta são investigados por integrarem uma suposta organização criminosa que comete delitos relacionados à lavagem de dinheiro, peculato, concussão e favorecimento pessoal, entre outros relacionados à Prefeitura. Ela está na Penitenciária Feminina de Tupi Paulista e ele foi encaminhado ao CDP (Centro de Detenção Provisória) de Caiuá.

Jornal O Imparcial Representantes da Polícia Civil e MPE deram detalhes do andamento das investigações

Ao contrário do que foi informado anteriormente por representantes do casal, Tiago e Marta não estavam em viagem pelo Rio de Janeiro, mas sim em Caraguatatuba, no litoral paulista.

O delegado do caso, Claudinei Alves, e o MPE (Ministério Público Estadual), por meio dos promotores André Felício, de Presidente Prudente, e Marcelo da Silva Martins, de Pirapozinho, todos envolvidos no processo de investigação, fizeram uma coletiva de imprensa na tarde de ontem, na CPJ (Central de Polícia Judiciária), para esclarecer alguns detalhes.

"Eles serão ouvidos, mas já temos muitos materiais que comprovam o envolvimento na organização. Descobrimos muitas coisas, e as investigações têm nos surpreendido. Até cuecas foram compradas com dinheiro  público", comenta o delegado.

O trabalho conjunto do MPE com a Polícia Civil também investiga os fornecedores de diversas empresas instaladas em cidades da região, como Prudente, Pirapozinho, entre outras. "O esquema era bem articulado e tinha aliados políticos e empresários fora da cidade", cita.

Os funcionários responsáveis pela produção da merenda escolar também foram ouvidos, e itens como peças de carnes – picanha, mocotó e linguiça de porco –, que seriam comprados com notas fornecidas à Prefeitura, nunca foram colocados nos pratos os estudantes da cidade. "Estes são apenas alguns exemplos", destaca o delegado.

De acordo com André Felício, todos os acusados têm um papel definido na organização."Ainda é cedo para fazermos algumas afirmações, até porque tem muito material apreendido que precisa ser analisado, mas o esquema era muito bem armado, completo", afirma.

Segundo o MPE e Polícia Civil, uma nova etapa da operação deve começar a partir de agora, e outros mandados de prisão poderão ocorrer em breve, o que dependerá do desenrolar das apurações. "Tudo indica que várias coisas da manutenção de uma casa eram pagas com dinheiro do município. São gastos com postos de combustíveis e lojas de artigos diversos", explica.

A reportagem tentou entrar em contato com a defesa do casal, mas até o fechamento desta edição, ninguém foi encontrado.

 

A operação

A ação conjunta denominada Tanque Cheio foi deflagrada após cerca de um ano de investigações, por suspeitas de desvios de verbas e materiais, por meio de fraudes em contratos e licitações, além do favorecimento ilícito de pessoas envolvidas no esquema. Na data dos fatos, na primeira semana de outubro, como já informado em O Imparcial, foram presos dois secretários municipais, bem como o chefe do gabinete e braço direito do prefeito Marcos Roberto Sanfelici (PSDB). Dois mandados de prisão expedidos na ocasião não foram cumpridos, uma vez que o casal não foi localizado. Dos quatro detidos no início do mês, somente um continua preso, o chefe de gabinete Adriano Batista da Rocha, e está sujeito a ter sua prisão temporária prorrogada em virtude das investigações.

Mesmo diante do envolvimento direto de funcionários públicos próximos, secretários municipais e familiares, o prefeito Marcos Roberto Sanfelici não teve sua prisão decretada nesta etapa da investigação. A reportagem também tentou entrar em contato com ele, mas o prefeito não atendeu as ligações até o final desta edição.

 
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