Após o primeiro óbito em humano na história de Presidente Prudente em decorrência da LVA (leishmaniose visceral americana), confirmado no último dia 15, no Residencial Universitário, o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) investiga oito cães com "grande possibilidade" de contaminação, nesta mesma localidade. De acordo com o médico veterinário e diretor do CCZ, Célio Nereu Soares, estes animais fazem parte dos 150 que passaram pelo bloqueio de coleta de sangue, realizada gradativamente desde a confirmação do primeiro caso. No entanto, apesar da confirmação no primeiro exame, os possíveis infectados esperam o segundo resultado, que será emitido pelo IAL (Instituto Adolfo Lutz) em até 30 dias. Enquanto isso, os cães continuam em suas respectivas residências. Porém, se confirmado, os animais sofrerão a eutanásia. Diante deste cenário, ações de combate estão sendo realizadas pelos responsáveis.
Pelo menos 20 agentes realizaram trabalhos de borrifação
Sob a ameaça de novas contaminações em humanos, visto que estes animais permanecem no perímetro residencial, Célio esclarece que "o risco existe", entretanto, nenhum deles apresentou sintomas clínicos da patologia. O que significa que o proprietário não é obrigado a liberar os cachorros para o período de quarentena no canil do CCZ. "Caso for constatada a disfunção, torna-se obrigatória a eutanásia", esclarece. Ainda conforme o veterinário, aqueles que se negarem a tal procedimento receberão um ofício judicial de busca e apreensão.
Questionado sobre um possível surto da doença no município, o diretor do CCZ deixa claro que o episódio não é tratado desta maneira, pois os resultados já eram esperados. "Ano passado não tivemos os kits de TR-DPP , por conta do atraso no repasse por parte do governo federal", explica. Contudo, segundo ele, a situação está sendo normalizada com a disponibilidade de 1,3 mil kits neste primeiro trimestre do ano.
Como noticiado por
O Imparcial, a primeira morte por LVA da história de Prudente foi confirmada pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) em meados deste mês. A vítima foi um idoso de 75 anos, morador do Residencial Universitário. Antes deste caso, os dois únicos registros da doença em humanos no município ocorreram em 2013 e 2015, no entanto, os pacientes responderam bem ao tratamento.
Medidas
Por enquanto, com o objetivo de controlar o número de casos e conter o mosquito-palha, transmissor da doença, pelo menos 16 residências deste perímetro passaram pelo processo de borrifação na manhã de ontem, realizado pelo próprio CCZ, com apoio da VEM (Vigilância Epidemiológica Municipal) e da Sucen (Superintendência de Controle de Endemias). Segundo as pastas, o trabalho é contínuo até a próxima semana, quando as 12 quadras do bairro estiverem protegidas.
Com máscaras específicas e roupas apropriadas, na ocasião, cerca de 20 agentes realizaram a técnica, que tem como especificidade a aplicação do inseticida em todas as dependências do imóvel, interna e externamente. Além dos trabalhos de dedetização, o grupo de profissionais abordaram outros residentes para a continuidade dos trabalhos amanhã, considerando a obrigatoriedade de aviso prévio em pelo menos 24 horas, uma vez que todos os alimentos devem estar protegidos e os móveis afastados da parede. "Cada aplicação leva em média 40 minutos", acrescenta o agente de apoio de zoonoses, Romário Luis dos Santos, 21 anos.
Além da borrifação, a Sucen realiza a instalação de armadilhas luminosas em "algumas residências", as quais funcionam durante a noite para a apreensão de mosquitos, analisados em laboratório para a identificação do palha. Até o fechamento desta matéria nenhuma confirmação foi divulgada. Vale acrescentar que a abrangência de prevenções é concretizada desta maneira em dimensões afetadas por casos, como ocorreu neste mês.
Apoio
Em relação à ação desenvolvida, o motorista Joaquim dos Santos, 63 anos, aprova tal movimentação e é categórico ao permitir qualquer intervenção em sua casa. "Eu aprovo. Podem entrar aqui e fazer o que tiver que ser feito", diz.
Para o auxiliar geral João Donizzete Carvalho, 58 anos, o poder público faz o papel de maneira positiva, porém, os próprios moradores contribuem com o desequilíbrio ambiental, observado na localidade pela quantidade de entulhos e descuidos com terrenos baldios. "Com esta intensificação, esperamos a consciência dos proprietários e a consequente limpeza dos terrenos", argumenta.
SAIBA MAIS
LEISHMANIOSE
Segundo Célio, a leishmaniose é uma doença infecciosa, porém, não contagiosa, causada por parasitas do gênero
Leishmania. Se o sangue contendo parasitas
Leishmania for sugado de um animal ou de um humano, a próxima pessoa que for picada também será infectada e desenvolverá a leishmaniose, por conta disso, é imprescindível adotar alguns comportamentos, como: manter a casa limpa e o quintal livre dos criadores de insetos, como acúmulo de entulhos; colocar telas nas janelas e embalar o lixo; bem como cuidar do cão, observando as características saudáveis do mesmo.
SERVIÇO
TELEFONES
Sobre as medidas de contenção, o CCZ salienta que ocorrem após denúncias, as quais podem ser realizadas pelos telefones 3905-42220 e 3905-3265.
