Charanga Domingueira de 01-06-2014

Esportes - Flávio Araújo

Data 01/06/2014
Horário 09:34
A primeira vez será sempre a melhor

 

Foi durante a Copa do Mundo de 1954 que Edson Leite passou a fazer parte de minha vida. Começando pela sua voz marcante e diferente ao narrar futebol num tom grave e que nos lances agudos ao contrário dos demais ao invés de subir, descia. Gosto não se discute e Edson pode não ter sido o meu narrador predileto. Mas, indiscutivelmente foi o maior radialista que conheci. Até hoje a Bandeirantes usa algumas de suas criações geniais.

Criatividade que não era o forte da seleção brasileira que disputou a Copa do Mundo de 1954. Forte o time era. Ganhara o Pan-Americano do Chile em 1952, e com técnico novo (Zezé Moreira) renovara-se e arquivara as vetustas ideais de Flávio Costa. O caminho se descortinava, mas o que esperar de uma seleção que não conhecia nem o regulamento da Copa em disputa?

Depois de vencer o México (5 a 0) bastava um empate diante do Iugoslávia. Ninguém sabia disso na delegação e Didi, Djalma Santos, Julinho e outros lutaram como loucos para fugir da desclassificação que o placar não apontava. Natural que esse time sucumbisse na sequência dos húngaros que possuíam a maior seleção do mundo na época. Não foram campeões porque era de futebol que se tratava. Aquela estória da caixinha de surpresa. Os alemães ficaram com o título depois do uso de artifícios discutíveis.

Mas, é do Brasil que falamos e o título de campeão do mundo que nos faltava chegou na Copa seguinte. A que sempre terá mais sabor. A primeira vez nunca se esquece. Na Suécia surgiram Pelé e Garrincha e um grupo coeso e muito bem dirigido. Um técnico que não dava bola para estratégias, mas se fiava na palavra de comando. Vicente Feola, figura indispensável para Paulo Machado de Carvalho que a tudo dirigia. Foi a alma da grande conquista e do plano que estabelecera junto com alguns jornalistas de São Paulo não se desviou um milímetro. Cumpriu.

O Brasil era pela primeira vez campeão do mundo e com larga vantagem. Duas vitórias por 5 a 2, França e Suécia, mostram o valor daquele time inesquecível. Começava o reinado de Pelé, um menino de 17 anos que faria chover se colocado no árido Nordeste brasileiro. Garrincha, com suas pernas tortas, deixaria prostrados os mais violentos marcadores. De resto, ou de todo, uma grande equipe. Era o futebol brasileiro reconhecido mundialmente e que tinha grife embora não registrasse a marca como exclusiva. Tanto que se espalhou pelo mundo, mas o momento era nosso e teríamos que gozá-lo da melhor maneira possível. Com a bola rolando com brasileiro ninguém podia.

 

 

Flávio Araújo é jornalista e radialista prudentino, escreve aos domingos neste espaço
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