CHARANGA DOMINGUEIRA de 20-12-2015

Esportes - Flávio Araújo

Data 20/12/2015
Horário 09:54
 

Adenor? Alguém conhece?

 

 


Não procure por Adenor no Corinthians que ninguém o conhecerá. Adenor é o Tite, o melhor técnico do BR/15. Adenor com Tite não dá liga de jeito nenhum e duvido que na família alguém assim o chame. Tite institucionalizou-se. Foi boleiro, meia-cancha de qualidade, e começou em sua cidade, Caxias do Sul (RS).

Aventurou-se pelo Brasil e o vi em ação em seu auge em 1986 no Guarani de Campinas. Problemas nos joelhos o tiraram dos gramados e o futebol, por paradoxo, foi quem ganhou. Tite dependurou as chuteiras com 28 anos e mais cedo do que ele só mesmo Tostão que teve de deixar as canchas com apenas 26 anos.

Tite acaba de ser escolhido o melhor técnico do campeonato brasileiro com méritos indiscutíveis. Começou treinando equipes do interior, saiu do país e nessa tentativa não passou dos Emirados Árabes que, ao contrário do resto do mundo, tem sempre uma equipe à espera de um técnico brasileiro.

Tite é formado em Educação Física. No Corinthians criou uma simbiose extraordinária e, como Rogério Ceni no São Paulo, não consigo vislumbrá-lo trabalhando em outra agremiação. Se um dia o fizer e eu tomar conhecimento, saberei que realmente o profissionalismo fala mais alto. Lembro que Osvaldo Brandão foi o palmeirense mais corintiano que conheci e vice-versa. Duvido, de qualquer maneira, que no futebol brasileiro se produza um dia, um novo Alexander Chapman Ferguson, o escocês que ficou por 26 anos no comando do Manchester United. Não faz parte da cultura futebolística brasileira, e Tite, por mais títulos que amealhe e por mais afinado que esteja com o Corinthians, sabe que não chegará a tanto. Para o Adenor... como soa estranho citá-lo pelo nome de batismo, o Corinthians é sua casa e sequência daquilo que para ele é de maior importância: a família.

Em 2014 deu-se um ano sabático. Denominação que copiou de Pepe Guardiola, que passou um dia em Buenos Aires conversando com Marcelo Bielsa, considera isso como um curso futebolístico e tem no argentino o seu sempre citado mestre. Tite andou se aventurando pelas Arábias, mas não passou do Al Whada, dos Emirados. Debita a dificuldade de sucesso para os técnicos brasileiros no exterior ao idioma, mas ele mesmo tem um palavreado especial que batizaram de titês e que, segundo o próprio, os jogadores do Corinthians entendem só no olhar.

Tite é um cara legal, muito família, cortês, simpático e bem longe daquela imagem de um José Mourinho, o suprassumo do egocentrismo. Ou de Dunga, se quiserem ficar por aqui. Assim mesmo Tite está indignado com a situação do país... Mas, quem não está?

 

Flávio Araújo, radialista e jornalista prudentino escreve aos domingos neste espaço.
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